Massacre técnico e tático do Timão

Foto: Nelson Gariba/Agencia F8/Gazeta Press

Esse clássico em Itaquera foi exemplar em vários aspectos. O principal deles, a disposição tática das duas equipes.

O Santos, inspirado na vocação defensiva de seu treinador Carille, entrou em campo com três zagueiros, oferecendo assim ao Corinthians a possibilidade de pleno domínio do meio de campo, o setor nevrálgico de qualquer jogo de futebol.

Sim, pois por ali o Timão tinha sempre um jogador a mais. E que jogador! Ninguém menos do que Renato Augusto, um desses raríssimos herdeiros de nossa mais digna e eficiente tradição – a do meia-armador da cabeça aos pés. E Renato, girando pelo meio de campo, ia articulando com ciência as jogadas de ataque, onde Jô, como pivô na área, eliminava de vez qualquer validade da presença de três zagueiros adversários por ali.

Aliás, foi por ali que o Corinthians acabou construindo o placar de 2 a 0, que, pelo número de chances criadas, sobretudo no primeiro tempo, deveria ter sido de, no mínimo, o dobro. Mas, os gols só saíram no segundo tempo: logo aos 3 minutos, Jô recebeu à altura da marca do pênalti passe de Du e simplesmente girou para as redes; e, aos 40, dominou a bola, tocando-a pra Gabriel desferir um petardo indefensável.

Outro aspecto é o que toca no trabalho de Silvinho, tão apedrejado por boa parte da Fiel e da mídia.

Ora, Silvinho assumiu outro dia um Corinthians fadado a brigar para não cair. Conseguiu resistir a isso, até que chegaram os reforços de qualidade, quando, então, o Timão foi crescendo, até  atingir neste domingo a zona nobre da tabela, um quarto lugar que lhe daria com folga posição digna na Libertadores.

E fez isso não se retrancando lá atrás, na esperança de, num contragolpe feliz, ir acumulando pontinhos que lhe assegurariam uma posição boa na tabela, à custa dos erros dos demais componentes de sua faixa de colocação.

Nada disso! Ao contrário: correndo todos os riscos, botou seu time pra jogar bola, visando sempre o jogo trabalhado a partir do meio de campo em direção à área do oponente.

Um raro exemplo de destemor neste acovardado futebol brasileiro “moderno”.

Errou nesta ou naquela escalação? Errou. Errou nesta ou naquela substituição? Errou, como errará mais adiante, a exemplo de todos os demais treinadores em atividade. Mas, isso faz parte, sobretudo num período de organização de um time cujo elenco saltou de patamar outro dia.

Já Carille, que, a exemplo de Jesualdo e Jair Ventura, mais recentemente, optou por contrariar o tal DNA ofensivo do Peixe, segue pagando o alto preço desse desrespeito, pois duvido que o Santos teria sido presa tão fácil do Timão, se, desde saída, tivesse uma formação mais compatível com sua história, por exemplo, com Sanchez e Pirani nas meias, à frente de Camacho, e um trio ofensivo com Ângelo, Tardelli e Lucas Braga. Isso, com apenas dois beques de qualidade, como Luís Felipe e Kaíke.

Mas, enfim…

 

1 comentários

  1. Caro Alberto,
    Ah, e como se não bastasse o voluptoso desempenho do corinthians masculino, eis que, no feminino levantaram nada mais e nada menos que a libertadores, e, pela terceira vez.
    Ou seja, haja tempo para comemorar tantos triunfos, vai corinthians….
    Grande abraço e saudações.

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