Guardiola, lembrando nosso passado

Foto: Paul Ellis/AFP

Certa vez, na entrevista coletiva, um repórter brasileiro perguntou a Guardiola, então no Barça, como ele definiria seu esquema de jogo. Com um ar de surpresa, o técnico catalão respondeu assim, ó:

-Estranho um brasileiro me fazer essa pergunta, pois aprendi com meu pai e meu avô que essa era a maneira de jogar inventada pelos brasileiros, expressa claramente na Seleção de 70.

Lembrei-me dessa declaração enquanto assistia à vitória do City sobre o PSG por 2 a 0, gols de Mahrez, pelas semifinais da Liga dos Campeões, na tarde desta terça-feira. Pois lá estava o time de Guardiola com apenas um volante, hábil e móvel (Fernandinho) e cinco meias à frente (De Bruyne, Bernardo Silva, Gundogan, Mahrez e Phil Foden). Justamente o mesmo quadro apresentado pelo Brasil, considerada a melhor Seleção de Todos os Tempos, pela Fifa: um volante (Clodoaldo) e cinco meias, dois armadores (Gérson e Rivellino) e três meias  ponta-de-lança, como se dizia na época( Pelé, Tostão e Jairzinho).

E olhe que lá no banco do City, Guardiola dispunha de dois centroavantes de escol (Gabriel Jesus e Aguero) e um extrema típico e artilheiro (Sterling), que só entraram no fim do jogo.

O que isso quer dizer? Quer dizer que Guardiola prioriza acima de tudo a posse de bola, a troca rápida de passes, o envolvimento, tudo isso lá na frente, perto da meta adversária que é o objetivo principal do treinador, principais atributos dos meias.

E mais: qualquer outro treinador no mundo, numa decisão desse porte, contra um time perigosíssimo como o PSG, ao estabelecer a vantagem de 2 a 0, lotaria sua equipe de volantes de contenção, zagueiros, dois goleiros se a regra permitisse e tal e cousa e lousa e maripousa.

Com Guardiola, porém, a roda gira ao contrário: é atacando que se defende. E seguiu atacando, o que garantiu transformar sua defesa uma das menos vazadas do mundo.

Sim, ainda falta mais um passo, diante do Real ou do Chelsea pra que o City confirme no placar sua superioridade técnica e de conceitos de jogo em todo o planeta.

Mas, qualquer que seja o resultado final da Liga dos Campeões, é preciso tirar o chapéu pra esse cara, meu.

 

Um comentário

  1. Helena ver um futebol nesse nível e depois assistir um jogo aqui na terrinha da vontade de que heim??
    Acho vagabundagem desses nossos tecnicos incluindo os patricios que aqui estão não fazerem ou ao menos tentarem jogar igual ao que Guardiola vem mostrando.
    Que nada mais é do que o.nosso antigo jogo de bola só que.mais rápido e treinado.
    Talento nós temos.

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