Arthur e o Barça

Foto: Pau BARRENA / AFP

Ufa! Sofreu, mas o Barça conseguiu retomar a liderança do Campeonato Espanhol, ao bater neste terça-feira o Bilbao por 1 a 0, gol de Rakitic. Gol, aliás emblemático, pois expõe claramente os problemas que os catalães vêm enfrentando sob o comando de seu novo-velho treinador: a armação do meio de campo com três volantes de ofício. Por ali revezam-se Busquets, Arthur, Vidal, De Jong,quando não Sergi Roberto.

Dessa forma, todo o sistema de armação das jogadas de ataque recaem sobre os ombros de Messi. Mas, até os extraterrestes têm um ciclo de vida, segundo os adeptos dos deuses-astronautas. E o nosso genial Messi já dá sinais de que seu tempo está-se reduzindo como craque excepcional que sempre foi, desde menino.

Como Griezmann não entra no jogo dos maiorais com a camisa do Barça e Suárez ainda está se recuperando de grave lesão, aquele toque de bola envolvente e progressivo que costumava eclodir em goleadas históricas desde a chegada à Catalunha dos holandeses na década de 70 até a saída de Luís Felipe transformou-se numa emperrada tentativa de fazer a bichinha chegar com jeito na área inimiga.

Contra o Bilbao, a inhanha se reproduziu até as entradas do menino Puig e Rakitic, dois meias mais ofensivos e hábeis, nos lugares dos volantes Busquets e Arthur.

Por falar em Arthur, dizem que o jovem revelado pelo Grêmio está sendo cobiçado pela Juve, que teria depositado sobre a mesa uma fortuna capaz de partir ao meio o móvel da sala de negociações do Barça.

É bom lembrar que quando desembarcou na Catalunha, depois de dois ou três jogos, Arthur foi celebrado pela imprensa de lá como o novo Xavi.

Não é, nem de longe, embora seja bom meio-campista, dono de passes laterais exatos mas improdutivos. Aliás, desde quando era incensado por aqui, a ponto de virar titular da Seleção, sempre preferi manter-me um tanto cético a respeito.

Talvez, jogando como primeiro volante, partindo lá detrás, Arthur possa alcançar um nível superior de atuação. Mas, ali, mais à frente, armando o jogo, desse jeito, não dá.

A propósito, aproveito aqui pra responder ao leitor André Nogueira, que me pergunta se é cabível a comparação entre Xavi e Dudu, a lenda palmeirense dos tempos da Academia,

Resposta: não. Embora ambos tivessem um porte físico semelhante, assim como exerciam liderança em seus times, Dudu, que foi meia quando formou naquele trio histórico da Ferroviária da virada dos anos 50 para os 60, no Palmeiras – Dirceu, Dudu e Bazzani -,no Paalmeiras, virou tipicamente um volante de marcação, um dos precursores dos chamados cabeças-de-áreaque que se  expandiriam e virariam os brucutus dos anos 90 pra cá. Dudu era, pois, um heroico destruidor de jogadas que possuía bom passe. Mas, deixava pra Ademir da Guia, O Divino, organizar o caos e distribuir bênçãos pelo gramado.

Já Xavi era, acima de tudo, um organizador de jogadas, o metrônomo do tique-taque catalão, que também se infiltrava na área para finalizar, frequentemente.

Assim de pronto, recorrendo à memória, só me lembro de Dino Sani, El Pelao, dentre os brasileiros cujo estilo poderia se confundir com o de Xavi. Um pouco mais adiante,  Dicá, da Ponte e da Lusa dos anos 70, quem sabe…

Mas, Arthur, decididamente, não chega perto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *