Contra o Peru, o mesmo dilema

Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press

O craque faz a diferença; eis um dos tantos chavões que revestem os comentários sobre futebol. Mas, o conjunto é essencial pra que o craque de fato faça a diferença. Prova mais cabal e recente está aí com Messi e a atual Seleção Argentina.

Na verdade, as grandes seleções da história marcadas pela presença de craques excepcionais, tinham como base o conjunto herdado deste ou daquele clube doméstico.

A Alemanha, última campeã do mundo, aquela dos 7 a 1, era calcada no Bayern e no Borussia Dortmund. Assim como o fora em 74.

O Honved, time do exército húngaro criado justamente para agrupar os melhores jogadores do país, serviu de base para a famosa Seleção Magiar de 48 a 56. Assim como a Espanha de Iniesta, Xavi, Busquets e cia. bela fincava seu jogo no do Barcelona.

O Brasil do bi mundial de 58/62, denominada a Seleção de Ouro, baseava-se em Botafogo, Flamengo e Santos. Observe  amigo que as alas, como na época se denominava a combinação entre o ponta e o meia, na Suécia, era formada por Joel-Moacir (Flamengo) e Garrincha-Didi (Botafogo), na direita. Na esquerda: Pelé-Pepe (Santos) e Dida-Zagallo (Fla). Isso, na convocação. No campo, houve alterações, claro.

Assim como em 70, quando nossa Seleção, considerada pela FIFA a melhor do século, desde Saldanha, era basicamente um combinado entre Santos, Botafogo e Cruzeiro.

Estou dando essas voltas pra chegar ao Brasil que neste sábado joga diante do Peru o direito de seguir em frente na Copa América, sediada em terras tupiniquins. Uma improvável desclassificação seria verdadeira tragédia diante do baixo nível técnico da competição até aqui, onde apenas o Uruguai deu pálidos sinais de estar alguns degraus acima dos demais.

Esse Brasil é, de fato, um catadão de jogadores que atuam na diáspora europeia. Não se baseia em nenhum clube, o que prejudica, claro, a ideia de conjunto. Além do mais, perdeu seu único craque assim reconhecido no mundo todo – Neymar.

O único que deu sinais, lá atrás, de que poderia assumir esse papel foi Coutinho. Mas, desde sua transferência do Liverpool para o Barça, entrou em parafuso e não conseguiu até agora recuperar o brilho dos tempos das Eliminatórias e do Liverpool.

Apesar disso tudo, a Seleção de Tite não tem sido um desastre do tamanho vivido, por exemplo, pela Argentina.

Apenas não empolga, com um jogo às vezes bem coordenado, mas longe das expectativas do torcedor, do crítico e, ouso dizer, do próprio treinador, que, segundo os que acompanham nosso time por esse Brasil afora, cogita promover mudança para o embate contra o Peru. Quais mudanças? Não se sabe ao certo.

Presume-se que troque Firmino por Gabriel Jesus e mexa no meio de campo, já que Fernandinho e Artur sentem dores. Mas, duvido, que nesse caso, toque na ferida do time, escalando um meia como William ou Paquetá no lugar do tal segundo volante. Mais provável, nesse caso, que opte pelo quarto volante convocado- Allan, cuja presença, segundo o técnico, prejudicaria os avanças de Daniel Alves pela direita, pois o volante do Napoli não saberia fazer a devida cobertura ao lateral.

Meu Deus, que dilema!

E o pior é que o Peru, ao contrário dos adversários do Brasil até agora, tem dois atacantes perigosos, preparados, sobretudo, para o contragolpe rápido e fatal: Farfan e Guerrero, o que colocará em xeque nossa defesa, ainda não devidamente exigida no torneio.

Mas, duvido que o Peru se exponha muito. Afinal, um empate bem que pode classificá-lo pra próxima fase da competição.

Então, enfrentaremos o mesmo problema de sempre – romper retrancas com apenas um ponta driblador e incisivo (Cebolinha ou Neres), assim como um meia pra dividir com Coutinho a distribuição de jogo e a penetração de surpresa à área inimiga.

Enfim…

 

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