Majestoso? Só por milagre.

Foto: Arte GE

No tempo em que se jogava bola de fato no Brasil, às vésperas de um clássico como esse Corinthians e São Paulo, o jornalista ia aos campos de treinamento das duas equipes, sentava-se no banco à beira do gramado, assistia a todos os exercícios ao  fim dos quais passava no vestiário, levava um papo com os jogadores, em seguida, com os treinadores e desembarcava na redação com todas as informações na ponta dos dedos.

E, jogo correndo, era sempre uma surpresa para todos, provocada pelas variações de jogadas resultantes do desejo de atacar e do uso até abusivo dos talentos individuais.

Hoje, um segredo metálico cobre todas as atividades dos times e o amigo só vai saber quais as escalações uma hora antes do início da partida. Resultado: é sempre o óbvio em campo, a que todos estamos cansados de ver – as tais linhas de quatro, precedidas de um beque na frente dos dois beques oficiais e, lá na frente, um solitário atacante destinado a aparar os chutões disparados aleatoriamente da linha defensiva à espera de que um companheiro aproveite a tal segunda bola. Ou, então, uma escapada pelas pontas que estancam no bico da grande área adversária, de onde parte aquele chuveirinho inócuo.

E olhe que os jogadores são tratados segundo os mais sofisticados métodos de preparo físico, enquanto as comissões técnicas agregam inclusive a mais moderna tecnologia de estudos sobre o próprio time e o oponente. E bola, que é bom, nada, só números sobre números, numa equação doida e inútil.

É o caso de Corinthians e São Paulo, cujos números nesta temporada são deploráveis.

E, pior: abaixo dos números deprimentes, se esconde o péssimo desempenho, até mesmo quando eventualmente ganham este ou aquele jogo.

E só por isso o Majestoso deste domingo ganha certa importância – saber quem bota a cabeça de fora desse Brumadinho em que transformaram nosso futebol.

Carille, que voltou a Itaquera nas asas do êxito inesperado da sua última temporada por aqui, até agora só somou insucessos, com a única exceção da vitória sobre o Palmeiras, rival histórico, em partida de baixo nível técnico, diga-se. Nem mesmo chegou a definir um time titular básico.

Mancini, que assume interinamente, dizem, o São Paulo, talvez consiga equilibrar emocionalmente esse time devastado pela aventura Jardine. Mas, nada faz crer que, em tão pouco tempo, possa dar um padrão aceitável de jogo ao Tricolor.

Sim, claro, pode ser que o desespero desempene esses dois times de tantas glórias no passado (no caso do Timão, ainda recentes) e que tenhamos um clássico digno desse título. É possível, pois dentro de toda a previsibilidade humana, o bicho, às vezes, também surpreende. Mas, isso seria algo próximo a um milagre.

 

 

 

 

 

2 comentários

  1. Alberto Helena Jr.

    Jogo de dois times que buscam auto afirmação dentro da competição, o time do Morumbi com uma cupula diretiva mais perdida que cego em tiroteio lá no morro da rocinha e o time de itaquera com técnico que retorna e que não tem um time entrosado e que terá de começar um trabalho do zero com o campeonato em andamento em rodada que ultrapassará a metade do turno da competição e qualquer vacilo por parte de qualquer um poderá significar a desclassificação prematuramente da competição diria eu que, na minha humilde opinião, será um jogo de desesperados não para não cair mas sim perigo rondando pela não classificação. Saudações palmeirenses.

  2. Um dos maiores culpados da atual situação do futebol brasileiro é a imprensa, endeusa jogadores medíocres, não sei se por não conhecer futebol de verdade ou se recebem algum incentivo de empresários. Um guri faz uma boa jogada na partida e já vira um fenômeno, a maior prova foi esta seleção sub-20 , jogadores ridículos mas todos chamados de craques pelos cronistas.

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