A queda do mito

Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

Caiu Rogério Ceni, antes da hora, como virou hábito no São Paulo da era Juvenal Juvêncio e seus sucessores em linha direta. Caiu não porque seja bom ou mau técnico. Caiu porque deixou de ser anteparo para essa diretoria incompetente que há mais de dez anos infelicita a vida desse clube que já foi no passado um modelo de gestão dentro e fora do campo.

A propósito, não é à toa que Zico, o maior ídolo da história do Flamengo, se negou sempre a treinar o Rubro-Negro. O Galinho está cansado de saber que o desfecho dessa aventura seria do tipo que acaba de ocorrer com Rogério, o mito tricolor.

Assim, como aconteceu com o maior ídolo do Inter, Falcão, recentemente, e tantos outros que penduraram as chuteiras de ouro e foram direto pra beira do gramado dirigir seu clube do coração.

Os mais jovens, cuja memória não é capaz de recuar aquém de seu próprio tempo, costumam afirmar que Rogério Ceni é o maior ídolo da história do São Paulo, que, diga-se, é longa e gloriosa.

Isso, no mínimo, é discutível, se comparada a carreira de Ceni no São Paulo com a de Leônidas da Silva, o Homem de Borracha, o Diamante Negro, artilheiro da Copa do Mundo de 38, e cuja contratação pelo São Paulo, em 1942 foi um espanto.

Tido como o Pelé de sua época, Leônidas custou uma fortuna incalculável, e, ao desembarcar na Estação Roosevelt, ali no Largo da Concórdia, Brás, foi carregado nos ombros por uma multidão de tricolores até a sede do clube, no centro da cidade.

Sua estreia, num jogo contra o Corinthians, estourou todas as bilheterias do Pacaembu recém-inaugurado, tão lotado que, além das gerais, arquibancadas e numeradas do estádio, foram formadas três filas de torcedores nos corredores em volta do campo. E olhe que o Pacaembu daqueles tempos abrigava praticamente o dobro de assistentes do que hoje em dia.

A partir do ano seguinte, Leônidas comandou  o São Paulo na maior série de conquistas do clube, campeão paulista de 43, 45, 46,48 e 49, num tempo em que não havia campeonatos nacionais, muito menos Libertadores e outros bichos.

Pois, ao aposentar suas chuteiras, em 1950, Leônidas assumiu a direção técnica do time. Foi um desastre total. E até ser tomado de vez pelo Alzheimer, Leônidas atuou como comentarista da Rádio Panamericana, mais tarde transformada na atual Jovem Pan.

Lembro essas histórias pra dar uma volta no tempo e pelo mundo até alcançar a figura impecável de Zinedine Zidane, que acaba de se sagrar campeão do mundo com o seu Real.

Jogador extraordinário, um dos maiores meias que vi jogar, ao lado de Zizinho, Puskas e alguns poucos mais, Zidane, antes de levantar essas taças todas como técnico do Real, fez o caminho longo da sabedoria, que se mistura com a humildade: dirigiu o Real B, fez o curso para técnico de futebol por três anos na França, foi auxiliar de Ancelotti no time principal dos merengues, e, só assumiu de fato quando se sentiu devidamente preparado para a missão. E isso tratando-se de um clube ultra milionário e pleno de recursos e apoio.

Mesmo assim, teve um início titubeante, antes de fazer seu time deslanchar de vez.

Rogério, quando pendurou luvas e chuteiras, parecia disposto a cumprir um roteiro similar. Mas, de repente, resolveu cortar caminho, seduzido pela proposta de seu time de coração. E deu no que deu no país dos atalhos, a via mais acessível para o desastre fatal.

 

 

17 comentários

  1. Afasia e Azáfama (Chile x Alemanha)

    De exórdio, Aristóteles dizia que o prazer no trabalho aperfeiçoa a obra. Desta feita, a etimologia é nada mais que minha elucubração. Por ontem, dois termos compreendem e muito o que ocorrera no jogo entre Alemanha x Chile; final, a ver, vencida pelos tidos reservas da Alemanha. No ínterim, só um ingênuo apostaria na seleção chilena, dado que taticamente os sul-americanos estavam muito aquém.

    Enquanto a Alemanha já pensa em 2022, as seleções da América do Sul – e o Chile não foge à regra – estão atreladas àquela velha tese do romantismo de achar um herói, ignorando que é preciso formular um padrão presente em todas as suas seleções de base; especificidade, tal, de há tempos atuante na Alemanha. De tantas similitudes entre o time reserva e o titular, a subida em bloco e o encurtamento na marcação merecem destaque. Em contrapartida, tentava o Chile uma improvável vitória em seus pífios chutes de longa distância, tal como cruzamentos paupérrimos.

    Em suma, o treinador chileno possui uma afasia tática. Então, incapaz de falar a língua moderna quanto aos padrões táticos, em vista os moldes europeus. A saber, afasia vem do grego aphasía, significando mudez. Ao contrário do Chile, há uma azáfama na Alemanha. Do árabe azzahma, originalmente “pressa”, trata-se de cuidar de uma tarefa que outros sequer cogitam. Assim, nada mais óbvio do que destinar o favoritismo da copa do mundo ao grupo alemão. Afinal, que seleção venceria ontem utilizando tão-somente reservas? E mais, que país já se planeja para 2022? Salvo um acidente, dificilmente as copas do mundo terão outro destino, senão a Europa.

    1. Pensar no futuro não significa que vai ser do jeito planejado.
      Já vimos isso no passado, até mesmo entre clubes poderosos ou medianos.
      O que ocorre é que, no futebol, práticas adotadas como a de outros esportes não vingam.
      Veja você, o que ocorreu em 1982, com a nossa seleção de ouro, ou seja, houve planejamento, introdução a tudo o que fosse necessário, mas….sempre isso, mas, o improvável acontece, e, demais em nosso esporte preferido.
      Acredito, isso é fato, que o planejamento deve ser a curto prazo, favorecendo os melhores jogadores no momento, todos em cada posição específica.
      É o que Mestre Tite faz “teoricamente”, não pensa em duas ou três competições que ainda não aconteceram, mas, apenas em uma, ou melhor, uma de cada vez.
      Mas, valhe sua opinião, teoricamente a Alemanha sai na frente no quisito organização, acredito eu, até a página “3”.
      Grande abraço.

    1. CERTO MAS ELE ESTA PROIBIDO POR ORDEM MEDICA DESSE TRABALHO.
      JA SALVOU UMA VEZ. ABRACOS E VAMOS TORCER PELO PINTADO. TENHO CERTEZA QUE O
      TIME VAI JOGAR MUITO {!) MELHOR.

  2. Em pouco mais de uma década o SPFC que era conhecido e respeitado como “O mais querido”,entrou em um processo de decadência de imagem que ate hoje não foi estancado.Declarações infelizes e até preconceituosas de altos dirigentes,incluindo na lista alguns presidentes,torceram o nariz não somente dos rivais,mas também de parte de sua grande coletividade.”Créme de la créme” ou “The best of the best”é um estado de espírito muito perigoso no mundo do futebol.Nem os espanhóis do Real,os catalães do Barça,os alemães do Bayern e os ingleses do Manchester transpiraram este rompante de arrogância e prepotência.Mais recentemente,mesmo no charco em que estão atolados,não faltou diretor para comparar a vitrine de jogadores do clube com a de outro rival.Tive muitos amigos de infância que eram são paulinos,e a primeira tristeza que sofri como corinthiano,foi na derrota para o SPFC na final do Paulista de 1957.Seria bom para o futebol paulista e brasileiro,que este clube voltasse a ser o que já foi.

  3. Vivo longe do Morumbi entretanto sigo sempre a História do São Paulo porque tive um tio que era são-paulino viciado, naquele época em que o São Paulo realmente ganhava títulos.
    A situação do São Paulo tem sido clara como água mineral sem gás nesses últimos anos. A diretoria do São Paulo tem vivido de mitos e títulos do passado, tomando água e arrotando vinho.
    Por isso é lógico que para os cartolas pré-históricos do Clube, que só se desgrudam da cartolagem quando vão para o cemitério, seria lógico enrolar a torcida com o Rogério Ceni.
    O que você explica, senhor Helena Jr., não tem que sem recomentado, você coloca os pingos no i de forma excelente.
    O lamentável entretanto é que um jogador, que não é nenhum Felix e nenhum Leão (foi entretanto foi um bom goleiro) acredite que pode fazer o que Zidane fez (e o Cuca também). Não pode, nunca vai poder, como técnico o Rogério não tem a experiência nem para o B Brasileiro. Isto não digo para ofendê-lo, ele é um profissional e pode aprender como todos os outros, entretanto qualquer garoto de curso primário pode ver que a cadeira de técnico no São Paulo é uma cadeira ejetável por outros motivos.
    O Cuca não prometeu milagres no Palmeiras e fez milagres (pode até repetir), porém com diretores inteligentes dando respaldo. A mesma coisa no Real Madrid com o Zidane. Clubes que ganham campeonato não ganham porque o técnico é do escalão dos mitos, porém porque eles bombeiam dinheiro na estrutura, na equipe, no clube.
    O São Paulo não bombeia nada, eles só venderam a estrutura, e ficaram defasados no tempo.
    Hoje o São Paulo poderia com orgulho saltar direto imediatamente para o B e com muito esforço e sorte poderia ainda terminar no meio da tabela, mas nem o B o São Paulo poderia ganhar com esta mentalidade.
    Lamento pela torcida que não merece uma baixaria destas.

    1. Concordo com você Memil quando disse que Rogério foi um bom goleiro, já vi goleiros melhores que ele no São Paulo. Tudo que você relatou é a pura verdade; uma diretoria incompetente,que não trouxe alegrias nenhuma nestes 10 anos e série B é pouco para um time que não encanta ninguém, não dá alegria, um time desanimado, parece até sem compromisso com as pessoas e com seus torcedores. Quando anunciaram Rogério Ceni como treinador, fui imediatamente contra, pois uma pessoa sem experiência como treinador, sem bagagem alguma de comandar de fora do campo, não podia nunca ser treinador de um clube grande; aprendi desde pequeno que começamos debaixo e depois com o tempo vamos subindo. Mas parece que no SPFC, as coisas são diferentes, e essas diferenças não quero entender.

  4. Essa conversa de chamar R. Ceni de mito sempre foi um furo n”água. E outra coisa: nem sampaulino aguentava mais a enrolação nas entrevistas.

    .

  5. Muito Bom seu comentário sobre Leônidas Silva,mas o ilustre comentarista esqueceu-se de dizer que Leônidas Silva foi cria da base do Mengao e também jogou e foi também ídolo por lá.

    1. Caro Oliveira. Ledo engano. Embora Leônidas tenha jogado no Flamengo em sua melhor fase, ele foi cria do Bonsucesso, como meia-esquerda, quando chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira, diga-se. Entre sua ida para o Uruguai e voltas, jogou também pelo Vasco e Botafogo, antes de se reincorporar ao Fla, de onde foi trazido pelo São Paulo.
      Abraços

      1. Ei, meu velho Betinho, e o Messi, meu?

        O baixinho genioso é o melhor meia (10) e atacante (9) da sua geraçao.

        Poe ele na lista ae tambem.

        Abços

  6. Pobre do time em que o maior jogador de sua história é um goleiro! Óbviamente o Rogerio não pode ser nem o 5º maior jogador da história do São Paulo, aliás nem sei se ele figuraria em Top 10. Só times pequenos podem ter em um goleiro seu maior destaque em toda a história.

  7. `È espantoso como o São Paulo, de uns anos a esta parte, vem trabalhando incansavelmente para apequenar-se. Não engrandeceu-se nos primeiros tempos levado pelo povo como Corinthians, principalmente, e Palmeiras. Tornou-se grande através de administrações eficientes e honestas; assim foi possível trazer grandes jogadores e consequentemente vieram suas muitas e grandes conquistas. Meu pai era são paulino, foi trabalhar na construção do Morumbi apenas por e isso. Eu era bem pequeno e me lembro da cantilena dele e de seus amigos quando se reuniam e lembravam de times passados. Era Heitor, Renganeschi e Piolim; Bauer, Rui e Noronha; Luizinho, Sastre, Leonidas, Remo e Teixeirinha. E assim foi seguindo com grandes times, exceto no período da construção do estádio (1957/1970). Eis que surge o tal Juvenal Juvêncio (que a terra lhe seja leve) e começaram a imitar as estripulias praticadas por dirigentes de seus adversários pelo Brasil afora, sem eximir o Corinthians. Tudo isso, justamente quando seus adversários, pelo menos em parte, começaram a mudar e melhorar suas administrações. Abre os olhos São Paulo, uma queda, devidos as suas peculiaridades, será muito mais muitos mais funesta do que terá sido a queda de outros grandes. Ah ! Ia esquecendo, prefiro a ladainha: Gilmar Homero e Olavo; Idário, Goiano e Roberto; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário.

  8. NAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO!!!!!!!!!E UMA COVARDIA,BAMBISTICA!!!SAIR NO MEIO DA TEMPORADA SEM ACAVAR O SERVICO????O QUE E ISSO,BRINCADEIRA???ON DE JA SE VIU,NO MEIO DO TRABALHO!!!E SE O SP NAO CAIR ,QUEM VAI PAGAR POR ISSO??QUE VAI PAGAR PELA NOSSA ALEGRIA SEMANAL TERMINAR??NOSSOS DOMINGOS DE DERROTAS AMENIZADO PELO CIRCO DA VILA SONIA??ERA TAO DIVERTIDO!!!!!!!!!!!!!!!!!

  9. O grande erro de Ceni foi não preparar seu substituto no gol . Segundo erro :Deveria trazer um técnico de ponta e ser humilde auxiliar para aprender e ver por um outro ângulo a performance do treinador e a partir de um ano sim sair como Técnico!

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