O choro do garoto Pedro Henrique, do Corinthians, depois daquela falha feia ao atrasar a bola para o goleiro Cássio, no jogo contra o Atlético Mineiro, culminando na derrota do Timão, rendeu. O tema repercutiu nas redes sociais e também no programa Gazeta Esportiva.
Meu colega Godói diz que homem que é homem não pode chorar porque demonstra fraqueza… Ouvi outros corinthianos indignados também afirmando que o jogador não tem estrutura para atuar num time grande como o Corinthians. Mas não concordo com nenhuma dessas posturas e explico o porquê.
Pedro Henrique errou. Mas Cássio errou também.
Pedro Henrique chorou porque deve ter passado um filme na cabeça dele. Um jovem com chance num time grande, jogando num estádio maravilhoso, infância simples, o erro, o medo de perder o lugar, a raiva da torcida, a decepção da família, sua carreira, a decepção de sua equipe… Ufa! Não é fácil tomar uma decisão quando estamos sob pressão. Mas Pedro Henrique demonstrou estar COMPROMETIDO com o time. Comprometido porque ele se importou com o que aconteceu. Ficou triste com ele mesmo, chateado, afinal, não tem sangue de barata e no Corinthians as emoções sempre estão à flor da pele.
Não vejo problema nenhum no garoto chorar depois do jogo. Pior seria se ele não desse a mínima. Mas ele vai amadurecer e aprender que erros fazem parte da vida e aposto que vai pensar duas vezes antes de atrasar outra bola pro goleiro. Experiência, meu caro. Só conseguimos isso com o tempo e com as lições que a vida nos prega.
Por outro lado, aquele choro do Tiago Silva, capitão da seleção brasileira, sentado à beira do campo na hora das cobranças dos pênaltis contra o Chile na Copa do Mundo, eu não gostei. Ele era o capitão e se recusou a bater o pênalti. Ele assumiu uma postura de derrotado, não teve a garra, a força e a liderança que um líder precisa ter diante de sua equipe. Imagina se na guerra o comandante decide sentar e chorar porque seus soldados estão encurralados? Vamos ao combate! Peguem as armas! Cabeça erguida! Depois, se a derrota vier, aí sim, o choro é livre e a cama é quente. Mas até o final do apito, até o último suspiro, precisamos estar com a cabeça erguida enfrentando nosso “inimigo”. Seja dentro ou fora de campo. Não podemos assumir postura de derrotado antes do fim da guerra.
Falei e disse. Pronto. Bom final de semana.
Oi linda Michelle!
Concordo contigo em gênero, número e grau.
Em primeiro lugar esta história de que homem não pode chorar é anacrônica, machista, da idade da pedra.
Em segundo lugar, mesmo que isto tivesse um sentido, temos que considerar que homens não são menos seres humanos que mulheres e certas situações (como o caso do garoto Pedro Henrique) o sucesso é importante não apenas para o time, porém para o jogador mesmo, que está ainda iniciando na vida profissional. Um erro desses faz desmoronar a alma no peso do pavor de perder o lugar na equipe. O choro é explicável, e você acertou na mosca: Muito pior seria se ele não mostrasse sentimentos nesta situação. Isto significaria ignorância, arrogância ou desinteresse.
Você analisou o problema com tua habilidade tradicional, não existe muito o que acrescentar.
Um abraço, Milton
Pedro Henrique é muito jovem e além de tudo o que você falou, ele é da base, é torcedor do TIMÃO. Sua atitude não o fez ser um jogador inferior aos outros. Espero que ele siga o exemplo do Felipe e amadureça, conquistando muitos títulos pelo Corinthians.
Assisto o Gazeta Esportiva todos os dias.
Adoro Você Michele!
Att,
Davidson Cruz
Belém, PA
Ótima análise. A pressão externa exercida por vários fatores deixa a profissão do atleta de futebol muito exposta. É preciso que o atleta exerça algo que vai além da prática esportiva, mas a prática de fortalecimento da personalidade. E entendo que não esconder sua própria natureza, seus limites emocionais, e não ter medo da repercussão já é um ótimo início para ter sucesso na vida do homem, na vida do homem na sociedade e em qualquer profissão, não apenas no futebol.
Chorar não diminui o homem, mas esconder ou tentar mostrar aquilo que ele não é , torna-o pequeno.
Parabéns ao jovem atleta. Boa sorte e sucesso.