Velocidade na corrida e passada. Qual a relação? Entenda!

A corrida é um esporte que atrai milhões de simpatizantes. Mas, como toda atividade física, exige adequado treinamento e dedicação para que não ocorram lesões. Existem muitas variáveis relacionadas à biomecânica da corrida e que vem sendo estudadas com o objetivo de melhorar a performance e desempenho, além de prevenir lesões.

Uma variável bastante conhecida é a passada, que representa a distância em que um mesmo pé toca no chão duas vezes, formamdo um ciclo completo. Diferente do passo, que é simplesmente cada avanço da sua perna à frente do seu corpo, sendo contado no momento em que cada pé toca o chão. Mas será que aumentando a passada irá resultar em ganho de velocidade? Raquel Castanharo, Fisioterapeuta e Mestre em Biomecânica da Corrida (USP), descreve abaixo o impacto da passada na performance e orienta dicas valiosas para melhorar a corrida.

Fisioterapeuta mestre em biomecânica pela USP

Não estique a passada? Mas aí como eu vou correr mais rápido? Vou te explicar. Ou melhor, vou te mostrar:

Essa é a Zenaide Vieira. Ela representou o Brasil no atletismo na Olimpíada de Pequim. Nessa avaliação que fizemos ela estava correndo bem rápido. Mas note que, ao tocar o pé não chão, ela não estica a passada para frente. A aterrissagem fica bem pertinho de seu tronco

Zenaide Vieira. Atleta Olímpica em Pequim

O que a faz correr mais rápido, e o que faz você e eu corrermos mais rápido também, é aumentar a passada para trás e voar uma maior distância para frente.

Precisa pensar para fazer isso? Não! O corpo faz tudo automaticamente se você está com a força e a mobilidade normal.

A dica principal aqui é não forçar para esticar a passada para frente (porque eu sei que algumas pessoas fazem isso para tentar correr mais rápido).
Esticar lá para frente gera alguns problemas:

Raquel Castanharo está forçando esticar a passada

1 – O pé aterrissa muito longe do seu tronco (ou do seu centro de gravidade, se a gente quiser falar bonito).
Isso faz você frear mais e, assim, desperdiçar energia ao correr.
Além disso, essa postura com o pé muito longe aumenta a sobrecarga no joelho, quadril e canela.

2 – É mais difícil absorver impacto
A cada passada da corrida nosso corpo tem que dar conta de um impacto que chega perto de 3x o nosso peso. E como ele faz isso? Funcionando como uma mola: as articulações se flexionam, o corpo “encolhe” e assim amortece esse choque com o chão. Quando esticamos muito a perna para frente, esse mecanismo de mola fica prejudicado.

3 – O tempo de contato do pé com o chão aumenta
Tempo de contato é quantos milésimos de segundos seu pé fica no chão a cada passada. Esse tempo tem que ser curtinho: o pé sai rápido do chão, com agilidade.

O tempo de contato é um dos principais pontos de biomecânica (postura) para você ter um bom rendimento na corrida. Esticar a passada aumenta esse tempo, e o que a gente quer é que ele seja pequeno (o tempo de contato varia com a velocidade ok? Não há um número fixo)
Deu para entender?

Raquel Castanharo

Fisioterapeuta Mestre em Biomecânica.

Assim, fica claro que para uma adequada evolução, buscar um acompanhamento com profissional habilitado, ajustando as variáveis e orientando uma correta progressão de treino, irá te proteger de lesões, facilitar o engajamento na corrida e melhorar a sua performance.

Bom treino!

Dr Bruno Sthefan
Médico do Esporte

 

 

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