História vivida: Sempre o mesmo e com exclusão

Em todas as aulas aconteciam as mesmas coisas. Subíamos para o último andar da escola, onde se localizava a quadra. Ao chegar lá o professor escolhia uns três alunos, considerados melhores na turma, para dividir os times.

Então começavam as escolhas. Uns iam para lá, outros para cá. Mas no final das contas, eram sempre os mesmos que ficavam por último, aqueles que não se encaixavam no padrão de beleza, os gordinhos, os baixinhos. Ou então, os denominados “ruins”, as meninas. Sempre a mesma coisa.

Após a escolha dos times, o professor se dirigia para fora da quadra, para atender ligações no celular e resolver problemas pessoais. Era nessa hora que os garotos decidiam que jogaríamos futebol. Era só isso que jogávamos, mais nada. E como a sala de vinte alunos era composta por apenas quatro garotas, a decisão era tomada pela maioria.

Então, a cada momento que se passava os garotos ficavam mais competitivos, mais agressivos. As meninas se machucavam, por contas da boladas fortes que tomavam, e aos poucos paravam de jogar. Quando acabava a aula, aqueles que ganharam o jogo humilhavam os perdedores. Juntos, iriam beber água, e por lá ficavam conversando para não entrar na próxima aula.

Muitas vezes o professor se quer sabia dos acidentes ocorridos em aula. Os alunos já acostumados a saírem machucados, pegavam gelo na enfermaria e depois seguiam para a aula. Raramente algum coordenador ou professor escrevia um bilhete para os pais, informando o ocorrido na aula. E era isso, todas as aulas, no ano todo.

História vivida da aluna Giovanna Mendes Casteluchi, primeiro ano do ensino médio da escola Técnica Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Depoimentos incentivados pelo docente responsável pelo componente curricular Educação Física.

Daniel Carreira Filho

8 comentários

  1. Por essas e outras e que a disciplina de Educacao Fisica nao e respeitada por muitos. Mau profissionais acabam difundindo essa percepcao e acabam influenciando a opiniao de muitos. Os bons profissionais, no fim, sofrem, assim como os nao incluidos nas aulas de Educao Fisica.
    Quanto ao episodio relatado, onde estao os diretores da escola e os pais tambem para cobrarem um minimo de profissionalismo do tal “professor?”
    Abracos de um PE teacher em Nova York.

  2. Precisamos dar mais voz aos alunos! parabéns pela iniciativa. Apesar dos avanços que já percebemos na Educação Física escolar, teremos que conviver diáriamente com resquícios desse tipo de aula.

  3. Precisamos ouvir mais nossos alunos, parabéns pela iniciativa! Temos esperança que nossos alunos não tenham que passar por isso novamente.

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