A regra “zero” e a participação em aulas

O que é a regra zero?

Vamos lá. Se as experiências vividas pelos alunos e alunas no ensino fundamental encontravam o significado de exclusão, valorização dos mais hábeis, inadequação de estratégias quanto à individualidade da apropriação de saberes da cultura corporal de movimento, desrespeito entre colegas e outras atitudes reforçadas em função da proposta desenvolvida e com foco no quarteto hegemônico, por exemplo, há que se propor algo que promova a análise crítica construtiva entre os alunos.

Obviamente, as experiências anteriores são as responsáveis pela percepção e significado das práticas que poderiam ser reproduzidas se não houvessem alterações metodológicas. Assim, além de propiciar a desconstrução das “verdades” socialmente construídas em dissonância com a realidade individualmente vivida, há que se ter um mecanismo que favoreça a adesão crítica às aulas e atividades.

Assim, em conjunto com todos os atores sociais de cada uma das turmas, “impusemos” a Regra Zero que consiste na obrigatoriedade de participação de todos e todas nas atividades propostas em aulas. Para tal e com vistas a permitir a expressão da corporeidade a cada um dos alunos e alunas, fez-se necessário oferecer alternativas individualizadas, ainda que e principalmente, nas atividades em grupos (do pequeno para o grande grupo). A regra zero, “mínguem pode ser excluído” foi posta e gradativamente compreendida e aceita.

Finalmente, por ser regra zero, não havia nenhuma regra fixa, determinada externamente pelo esporte ou atividade institucionalizada que fosse aplicada indistintamente ao grupo. A liberdade de definições sempre esteve nas mãos do grupo e de cada grupo. Sempre que trocávamos os grupos, novas discussões e definições eram estabelecidas com base nas possibilidades interpretadas e respeitadas por todos. A regra que se discute em grupo é aceita e respeitada por todos e, também, é flexível de forma a incorporar os avanços, os limites e os desafios que o próprio grupo se atribui.

Esta proposta fez com que os alunos assumissem atitude pessoal frente à corporeidade em todas as aulas, incluindo a que não houve a mediação docente por força de eventual necessidade escolar.

Daniel Carreira Filho

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