A corporeidade e nossos filhos e netos

Em nossas andanças em diferentes cenários escolares e os diálogos com professores e pais de alunos buscamos identificar os avanços que se realizaram nos últimos anos no seio da escola, em especial a escola pública.

Enquanto a escola particular oferece condições materiais aos seus professores para o desenvolvimento do componente curricular, acredita que esta é a medida coerente para atender às demandas oriundas dos pais e da sociedade, a escola pública se vê distante destas possibilidades materiais e, também, da aproximação dos pais ou responsáveis das propostas da escola para e com o componente curricular.

Observamos que pais não se preocupam com o que é ensinado aos seus filhos na escola, qualquer uma delas. Ouço pais questionarem seus filhos sobre o que aprenderam na escola hoje. Não os vejo perguntar sequer o que houve nas aulas de Educação Física, Educação Artística, Literatura e outros componentes infimamente valorizados.

Talvez o leitor esteja se perguntando qual a relação da corporeidade com os demais componentes curriculares para além da Educação Física. Não é? Mas, como nos provoca o professor Walter Roberto Correia, se não houvesse educação física na escola, que diferença faria?

Creio que resposta de muitos dos pais, pedagogos e pares dos demais componentes curriculares seria, exatamente, NENHUMA. Como se fosse possível retornar à dualidade de que a escola é para o desenvolvimento do pensamento (apurando, o lógico-matemático como predominante). Não é para brincar, jogar ou praticar esportes (se bem que apenas alguns, como infelizmente ainda temos).

A corporeidade está se perdendo e abandonada em todos os níveis de ensino, ainda mais em tenra idade. Falta pouco para a extinção de alguns componentes curriculares que, na ótica dos “senhores do poder” não geram riqueza. Apenas os conhecimentos que se transformam em produtos nas prateleiras do comércio é que valem. A humanização não tem espaço nas escolas. O que importa é ser o campeão, é realizar a olimpíada de matemática, esta sim dá resultados, não é?

A elitização, a exclusão e a falta de adequação do ensino às pessoas vai se configurando a cada dia, com desrespeito ao desenvolvimento humano socialmente relevante.

Daniel Carreira Filho

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *