Timão guerreiro e valente renasceu

Foto: Alejandro Pagni/AFP

O dia está quase amanhecendo e não consigo dormir. As imagens do empate heróico do Corinthians por 1 a 1 , na badalada La Bombonera, contra o Boca Júnior, não me deixam relaxar. Para dizer a verdade, nem quero. Afinal, foi um momento histórico, inesquecível para ser sincero, desse Timão de 37 milhões de corações pulsando forte nos últimos tempos e sofrendo demais.

A Era Vitor Pereira começa a deslanchar. Jogamos mal? Sim. O time poderia ter sido melhor escalado? Também. Um chute apenas, do garoto Du Queiroz, e mais nada? Sem dúvida. Equipe caminhava para o abismo profundo do fracasso? Comprovadamente.

Então o quê ficou de lição dessa partida? A certeza de que o time do Mister VP não afina, vai para cima de qualquer adversário, no lugar que for preciso. Jogo a jogo está criando casca. Nas arquibancadas, um bando de loucos. No gramado, um time de guerreiros.

Quando o Corinthians perdeu a força ofensiva, desequilibrou-se no meio campo, errou passes a torto e a direito, mostrou um nova cara: a catimba, a cera, a milonga que antes eram predicados dos jogadores argentinos. Quando levou uma cusparada no rosto, o calmo Cantillo devolveu com um cabeçada. Errou. Perdeu as estribeiras. Porém, deixou no ar que o buraco era mais embaixo. Bateu, levou. Ganhou meu respeito. Não tem sangue de barata.

O árbitro uruguaio, um banana de carteirinha, só expulsou o colombiano. Sobrou até para o Mister que, como bom português, saiu em defesa do grupo sob seu comando. Cuspiu em um, cuspiu em todos. De repente, os jovens e os veteranos se transformaram em uma grande e só família. Loucos dentro e fora do gramado.

Os hermanos não esperavam por essa. Nunca um time brasileiro foi à casa deles e fez experimentarem do próprio veneno. Um Timão briguento, raçudo, parrudo como um lusitano falaria de um grupo que não entra em campo para perder nunca.

Se apanhar, tem troco. Caso precise, sai porrada. Chega de baixar a cabeça para um povo que há décadas chama o jogador brasileiro de “macaquito”. Nem pelo eterno Rei Pelé tiveram respeito. O Corinthians calou essa “gentalha”, como diria o “filósofo” Kiko, da série mexicana “A Turma do Chaves”.

Acabou a brincadeira.

Aqui é Corinthians, doa a quem doer, faça chuva ou Sol, pela esquerda ou pela direita . O Timão da Fiel, guerreiro e valente, está de volta. Renasceu nas mãos de um bravo “navegante” português.

Saravá, São Jorge…

E tenho dito!