Edson é mortal, Pelé é eterno…

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Foto: Acervo/Gazeta Press

Sei que a história irá julgar Pelé, assim como faz com qualquer ser humano. Grandes reis, generais, faraós, príncipes, plebeus, escultores, poetas, filósofos e meros mortais, absolutamente todos, um dia passam pelo Tribunal da Vida, paradoxalmente depois da morte. Cada um em uma época, com o tempo implacável avisando a chegada do fim. Edson Arantes do Nascimento uma hora irá nos deixar, recebendo honras das mais altas celebridades do planeta. No entanto, a entidade “Pelé” é eterna. Nunca irá morrer, assim como os deuses gregos, transformados em mitos ao longo dos séculos.

Edson, aos 80 anos, é um homem como outro qualquer. Riu, chorou, acertou e errou. Pelé, deus da bola, é perfeito. Fez do futebol o mesmo que Leonardo da Vinci praticou com pinceis, espátulas e objetos simples. Onde qualquer veria uma madeira, ele enxergava uma magnífica estátua. Onde qualquer cristão enxergaria apenas uma bola de couro, inflada por uma câmera de ar, Pelé via uma forma de manifestar a arte de usar os pés, a cabeça, numa doce manifestação de plasticidade e expressão corporal.

Desde os 16 anos foi chamado de Rei pelo grande, estupendo e magnífico Nelson Rodriguez. Deitou e rolou na Copa da Suécia em 1958 na semifinal (contra França) e na final (diante da dona da casa). Dos 16 anos até os 80 muita emoção estética passou debaixo da ponte, transformando o tal do esporte bretão (inventado pelos ingleses) no mais popular do mundo, desfilando uma majestade insuperável, incontestável. Redes balançaram sem parar com os mil e 281 gols marcados pelo camisa 10. Parecia brincadeira de criança, de moleque de rua. No México em 1970, comandou a maior seleção do século 20, eleita pela Fifa. Foi o dono do tricampeonato.

Triste pelo Corinthians, a vitima predileta do Rei. Fazia e acontecia no encontro dos alvinegros, o paulista e o praiano, sem dó e nem piedade. Numa expressão legítima do Belo (em relação à bola) fez a Fiel sofrer demais. Era bonito vê-lo jogar. Dava raiva vê-lo brilhar. O amor e o ódio se misturavam no coração corintiano. O Timão só voltou a ser campeão quando Ele parou de jogar no Brasil e aventurou-se nos Estados Unidos, no desventurado “soccer”.

Parabéns Edson e minhas reverências para o Rei Pelé, o eterno.

E tenho dito!