Rasgue todos esses compêndios recém-traçados sobre táticas e estratégias e espie só essa espetacular decisão da Copa do Mundo no Catar entre Argentina e França, ambas em busca de seu primeiro tri na história.
Todos esses anagramas e estatísticas desaparecem como num passe de mágica diante do duelo clássico entre dois craques que assumem o centro da arena, cada um representante de sua época: Messi, o gênio caminhando para se transformar em mito do seu tempo, e Mbappé traçando seu futuro cintilante, já presente.
O francês me fez lembrar uma antológica crônica do Mestre (ele repudiava esse apodo, diga-se) Armando Nogueira ao escrever sobre sobre um Brasil e Argentina em que dizia que o presidente hermano convocou o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, mais a Polícia Civil e mandou-os todos para marcar Pelé. Assim feito, gol de Pelé.
Pois Mbappé passou o tempo todo cercado pelas forças armadas argentinas determinadas a morrer em campo, espiando os 2 a 0 contra seu time, até que, em quatro minutos do segundo tempo, empatasse o jogo lancinante – um, de pênalti; outro, numa tabela esperta com Thuran, filho daquele inesquecível lateral-direito da França campeã do mundo.
Não bastasse isso, no último instante da prorrogação, lá está Mabappé levando a decisão para a cobrança de pênalti, ao converter outro, somando três gols na partida.
Isso, porque Messi, pouco antes, havia levado seu time à celebração antecipada, ao marcar o 3a 2, de pé direito, como um autêntico centroavante, contrariando sua própria natureza. O mesmo Messi que abrira o placar cobrando pênalti aos 21 minutos de bola rolando.
Na sequência, Di Maria, que jogou até mais do que Messi e Mbappé no primeiro tempo e cuja saída no intervalo entregou o jogo aos franceses, fez o segundo.
O duelo entre Messi e Mbappé seguiu na cobrança de pênaltis em diante, com ambos convertendo suas batidas. Mas, Martinez salvou uma enquanto Tchouamani chutou pra fora a taça que caiu suada e feliz aos pés de Messi, como uma oferenda dos deuses agradecidos por tudo que esse pequeno gênio lhes ofereceu estes anos todos, seja com a camisa do Barça e do PSG, seja com o manto azul e branco da Argentina.
E Messi saiu de campo (ou dos campos) com a taça na mão,, enquanto Mbappé levou a Chuteira de Ouro e o título de artilheiro da Copa Messi.
Gracias, viejo, como diria seu ilustre ancestral Di Stefano.