O Tricolor e sua velha mania

Foto: Divulgação/Rubens Chiri

Ainda outro dia, o São Paulo anunciou oficialmente a contratação do atacante Eder, de 34 anos de idade. E a conversa girou em torno exatamente de sua idade avançada para os padrões habituais do nosso futebol.

Eder explicou que se sente em plena forma, graças aos cuidados com que trata seu próprio corpo e tal e cousa e lousa e mariopousa. E isso me fez lembrar de uma conversa com o inesquecível Newton Santos, enquanto assistíamos à exibição do filme Garrincha, Alegria do Povo, do meu considerado Luís Carlos Barreto, quando o Mané já estava em pleno declínio no Corinthians.

Sentenciou, então, a Enciclopédia: “O jogador de futebol não envelhece pela idade. E, sim, quando perde os reflexos”.

Era o caso de Garrincha, cujo segredo mágico resumia-se basicamente nos reflexos rápidos que lhe permitiam deixar a bola rolar mais perto dos pés do adversário pra então explodir antes daquele reagir no lance.

Traduzindo: o cara pode estar em plena forma física; mas, se tiver seus reflexos reduzidos pela idade, babau.

De certa forma, é o que me parece estar acontecendo com Cristiano Ronaldo, tanto na Juve quanto na Seleção de Portugal. Atleta de corpo e alma, impecável, CR7, porém,  já não conseguindo reproduzir seu futebol avassalador, entre outras coisas, porque percebe-se estar se confundindo quando tem a bola dominada e precisa tomar a decisão certa sobre a jogada subsequente.

Mas, isso é apenas uma sensação que me passa vendo-o jogar nos últimos tempos.

Voltando a falar, porém, sobre as últimas chegadas ao Morumbi, todos com mais de 30 anos, vale lembrar da histórica quedinha que o Tricolor tem por veteranos famosos. Uns deram muito certo; outros,  foram um fracasso total.

E tudo começou lá no início dos anos 40, quando o Tricolor abalou o mercado da bola ao contratar Leônidas da Silva, o Diamante Negro, o Homem de Borracha, artilheiro do Mundial de 38, o Pelé de sua época.

Leônidas já estava entrando na faixa dos trintões, além de sofrer com um problema nos joelhos que parecia insolúvel, sem falar em seus rompantes de personalidade, o que levou a imprensa paulista a chamá-lo de Bonde, alusão à anedota do mineiro que vinha a São Paulo e comprava um bonde do vigarista de plantão.

Pois, apesar disso tudo, o São Paulo investiu uma fortuna na sua vinda. E ele foi carregado nos ombros da legião de torcedores tricolores da Estação Roosevelt, ali no Largo da Concórdia, no Braz, até a sede do clube no centro da cidade.

Foto: Acervo/Gazeta Press

Ao mesmo tempo, foi à Argentina, e, de lá, trouxe ninguém menos do que Don Antonio Sastre, uma legenda do futebol vizinho, mas já pra lá dos 30 anos, marca fatal na época para qualquer craque. E aqui vale lembrar a manchete da Gazeta Esportiva, depois das primeiras exibições dele no São Paulo: “De…Sastre”.

Sucede que Sastre armando o implacável ataque tricolor e Leônidas marcando seus gols o São Paulo deu shows inesquecíveis e ganhou uma série incrível de títulos à época. O desatre, então, virou estrondoso sucesso.

Pra confirmar a tendência, na década seguinte, veio Zizinho, o Mestre Ziza, o mais completo jogador da história do nosso futebol, o que tirou o São Paulo, em 57, de delicada situação no campeonato para alcançar o título.

Até aqui, beleza!

Eis, contudo, que as tacadas seguintes seriam desastrosas, com as contratações de três craques inexcedíveis, mas já em fim de carreira: Didi, o Príncipe Etíope de Rancho de Carnaval, como o apelidara Nelson Rodrigues, eleito o melhor jogador da Copa de 58; Jair Rosa Pinto, o Coice de Mula, e o eterno Gerente do Corinthians, Cláudio Cristóvam de Pinho.

Nem isso conteve esse embalo tricolor, pois na virada dos 60 para os 70, Gérson, o Canhota de Ouro, veio para conduzir o São Paulo à conquista do bi 70/71, já trintão.

Pulo outros eventuais exemplos pra chegar às recentes contratações de Daniel Alves e Juanfran.

Não se pode dizer que Dani Alves tenha sido um fracasso. Apenas que não conseguiu se adaptar à nova função de armador, ele que foi durante anos a fio o melhor lateral-direito do mundo. Fracasso, mesmo, foi o espanhol, que já não tinha pernas pra ir e vir como manda o figurino de um autêntico lateral-direito, a exemplo do que fora em seus bons tempos de Atlético de Madri e da Seleção Espanhola.

Resta, agora, esperar pelo que farão os novos veteranos contratados, acuados num calendário estúpido que não lhes permitirá respirar quanto mais treinar e manter a forma física e os reflexos em dia.

2 comentários

  1. Alberto Helena Jr.

    O São Paulo precisa se remodelar em termos de gestão de futebol e oxigenação na mentalidade de seus dirigentes que sempre são o mais do mesmo, com novo presidente capitaneando nova diretoria com dirigentes como Muricy, Milton Cruz, só para citar alguns, o presidente do São Paulo parece caminhar ao contrário de uma gestão moderna de futebol e vi sua entrevista hoje no Programa do Neto e aí de forma honesta o dirigente escancarou as condições financeiras do time do Morumbi que não são nada boas, como os problemas nas renovações do Daniel Alves, Ernandes e outros de vários trintões que ganham fortuna mas não devolvem o mesmo em produtividade , intensidade até pelo patamar de idade numa curva descendente em suas carreiras, e aí como dizia minha saudosa avó errar um vez é humano mas persistir no erro será burrice e aí o time da Vila Sonia começa a contratar vários jogadores que atualmente serviriam só para jogar no time de masters pois daqui há algum tempo estarão mais enganando em campo do que jogando o que exige o futebol neste momento muita movimentação em campo, intensidade na transição defesa ataque e ataque defesa, não conseguirão se adequar e o São Paulo como já disse em comentário em outro post ficará mais uma temporada sem ganhar nada e no fim das competições só restará e essa turma toda citada vai ficar chupando o dedo mais um ano….quase um década sem ganhar nada….boa sorte time da Vila Sonia….rindo até 2026. Saudações palmeirenses.

  2. Helena bom dia, comentando sobre a vinda de Leonidas e Sastre, esqueceu de informar que o Tricolor na década de 40 faturou 5 títulos, ou seja, dos cem por cento de títulos disputados, amealhou 50 por cento, mudando um pouco o assunto, gostaria de ver o time jogando com a seguinte formação: Thiago Volpi, Orejuela, Arboleda, Miranda, Reinaldo, Dani Alves, Benitez, Gabriel Sara, Rojas, Eder e Luciano, uma formação sem cabeça de área, caso não tenha sucesso, teria a entrada de Luan, com a saída de Gabriel Sara ou Rojas

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