Diniz e a moeda girando no ar

Foto: Divulgação/Miguel Schincariol

Tava aqui revendo o documentário sobre o ano em que A Moeda Caiu em Pé, e o paralelo passou a ser inevitável: é como se a moeda estivesse novamente cumprindo esse acrobático e quase impossível movimento se aos nossos olhos setenta e sete anos depois, embora ainda esteja periclitante, balançando de cá pra lá, em meio a tantas incertezas deste ano singular.

Pra quem ainda não sabe, a expressão (A Moeda Caiu em Pé) foi usada em 1943 pra indicar que o título paulista, o mais importante para os torcedores da província, estava dividido entre Palmeiras e Corinthians. E o São Paulo? Só se a moeda caísse em pé.

Caiu, graças ao timaço que o Tricolor havia juntado depois do amargor de sua refundação em 35: King; Piolim e Renganesch; Zezé Procópio, Zarzur e Noronha; Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Pardal.

As duas contratações mais famosas feitas à época tinham decepcionado torcida e mídia esportiva: Leônidas da Silva, o Homem de Borracha, o Diamante Negro, o Pelé de seu tempo, era chamado de Bonde, e Don Antonio Sastre, o maestro argentino, de De…sastre, em manchete de nossa Gazeta Esportiva.

Ambos, porém, logo deram a volta por cima e conduziram o Tricolor à sua primeira Era de Ouro, com as conquistas dos títulos de 43, 45, 46 (invicto), 48 e 49.

Mas, o que isso tem a ver com o Tricolor atual, que não ganhou nada até agora?

A relação está no simples fato de que o Tricolor, até outro dia, era carta fora do baralho, fadado a cumprir apenas tabela no Brasileirão. E, mais: fora desclassificado de três  outras competições ao perder pra adversários de segunda, como o Binacional, o Mirassol e o Lanús.

Acrescente-se a isso o olhar enviesado na direção do técnico Fernando Diniz e da diretoria atual por parte da torcida e de boa parcela da imprensa, o que drenava a força de apoio de fora do campo ao time. E some-se a isso a sempre renovada esperança de que Rogério Ceni, o maior ídolo tricolor das últimas décadas, voltasse a dirigir seu time de forma cabal, depois da curta experiência recente.

Pois bem, driblando a desconfiança generalizada, Diniz foi levando bem o time antes da pandemia. Era o que apresentava mais clara evolução dentre todos, apesar da presença esmagadora do Flamengo de Jesus, que se despedia do Ninho do Urubu. E, do Palmeiras, de tantas e tantas contratações.

Houve a longa parada causada pela peste, e, no retorno, Diniz recomeça tudo de novo, agora já com as presenças ameaçadoras do Inter de Coudet e do Galo, de Sampaoli, pra aumentar ainda mais a depressão tricolor. E, sem Anthony, o menino-craque da equipe.

Até que surge diante do São Paulo o poderoso Flamengo, ainda que sem Jesus para ampará-lo, mas com um elenco inigualável, em duas competições – o Brasileirão e a Copa do Brasil. Chumbo grosso, sepultura aberta para Diniz e cia.

Eis, porém, que o impossível acontece: na soma dos três confrontos, o Tricolor meteu absurdos 9 a 2 no campeão brasileiro e da América. Era a moeda caindo em pé, ou algo próximo disso, se somado ao fato de que o São Paulo, embora com três jogos adiados (ou, talvez, por causa disso, só saberemos depois de serem cumpridos), é o líder brasileiro em aproveitamento de pontos até agora.

Claro que essa história da moeda não passa de mero silogismo do velhote aqui, mesmo porque a história do Brasileirão está longe de acabar.

E, mais: Diniz sabe melhor do que ninguém que há muita coisa a ser feita para que sua equipe atinja o ponto ideal., ou algo perto disso.

É preciso dar um jeito nessa saída de bola em passes trocados entre goleiro e beques. Tem de ser progressiva e não retardatária como acontece com frequência, plantando o desespero na torcida. Assim como resolver a questão do lado direito de seu ataque, onde Juanfran não consegue mais imprimir a necessária velocidade ao atacar, nem acerta seus cruzamentos à área na medida necessária. Mesmo porque, por lá, não há um avante com velocidade e drible pra suprir as necessidades do setor.

De resto, é torcer pelos erros dos rivais e, então, ficar olhando para o céu, observando os giros da moeda lançada ao acaso. Quem sabe ela não caia mesmo em pé, firme e definitivamente?

Um comentário

  1. Helena boa noite, concordo com sua análise sobre as posições aqui revelada, porém pra mim o maior problema são os zagueiros, Bruno Alves é um jogador que não combate o adversário, fica com braços cruzados atras com distancia de 1,50 a 2,00 metros do atacante esperando acontecer, quantas vezes vi nos cruzamentos ajoelhar-se com os braços cruzados atrás em vez dimininuir a distância em relação ao adversário dificultando a jogada, não tem velocidade para acompanhar o adversário, sempre correndo atrasado, nunca vi ele dar um carrinho para evitar cruzamentos, é uma moça pra jogar futebol, quanto ao Arboleda é um trapalhão

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