
Surpresa mesmo foi o frango engolido pelo extraordinário goleiro Fernando Prass, no chute de Leo Natel, logo aos 14 minutos de jogo. De tão transparente é esse rapaz que acabou por incorporar essa transparência absoluta, pois a bola vazou seu corpo como se este não existisse.
Nenhuma surpresa, porém, na falha do excepcional Cássio, lá pelos 43 minutos do segundo tempo, quando tentou sair jogando com os pés e fez a lambança que resultou no gol de Sobral, determinando a vitória do Ceará e na consequente queda do Corinthians à zona do rebaixamento do Brasileirão.
Aliás, bem que Coelho tentou surpreender ao anunciar antes do jogo que o Timão seria mais leve e solto, com Luan de falso 9, como a turminha gosta de dizer por aí, esquecendo-se dos grandes centroavantes da nossa história, não fossem eles meias deslocados para o comando do ataque, desde Leônidas até Careca, passando por Ademir de Menezes e tantos outros, sem falar em Tostão.
Só que, bola rolando, nada surpreendia nesse Corinthians. Era a repetição do mesmo – um time simplesmente incapaz de evoluir com ciência e habilidade da defesa ao ataque. Pudera! Com tantos volantes, tipo Ramiro, Gabriel e Éderson, sem nenhum armador de porte e com apenas um atacante aberto pelos lados (Natel), a capacidade de penetração do ataque alvinegro fica, como ficava e ficará, apenas na imaginação do treinador, seja ele quem for.
Assim, a última esperança se esvaiu com aquela bola disparada por Gil a dois passos da risca da meta cearense que se chocou com o poste. (O mesmo Gil que havia marcado contra ainda no primeiro tempo). E olhe que o Timão teve a vantagem de atuar desde os 18 minutos da segunda etapa com um jogador a mais, fruto da expulsão do lateral Eduardo.
Tá duro ver esse time jogar.
Ao contrário, o Santos, ou melhor o Marinho FC, que na tarde deste domingo bateu o Grêmio por 2 a 1, na Vila desamparada.
Sim, porque Marinho sofreu e marcou os dois pênaltis que definiram o placar, entremeado pelo tento anotado por Diego Souza.
Mas, qual a surpresa nisso? Afinal, tem sido assim ao longo desta pandemia: só dá Marinho, um craque que se confunde com o Santos não só no nome como no estilo de jogar, aquele futebol moleque, incisivo, feito de dribles, deslocações e disparos de mísseis aleatórios de qualquer canto do gramado.
Coisas que alegram o velhote aqui ao mesmo tempo em que planta uma lágrima de nostalgia dos tempos em que zilhões de Marinhos zanzavam por nossos campos, praias, várzeas e até nas ruas pavimentadas dos bairros das grandes cidades, atordoando os europeus que hoje tanto admiramos, com razão, diga-se. Pois, eles são mais a imagem do que éramos do que nós mesmos.

Mestre, será que o Cassio “pé de alface” é tão excepcional assim? Há controvérsias, já que pega muito, mas tem muitas falhas bisonhas que prejudicam o time no momento em que ele mais precisa.
Nobre, Helena Júnior, a praga dos volantes, lançada pelos “técnicos” engessadores do futebol brasileiro, que se espalhou por todo o Brasil, com certeza achou terreno fértil e ganhou vulto no Corinthians, onde é bem vista e cuidada pelos “treinadores”, que lhe fornecem adubo, e farta irrigação. É a maldição dos volantes, que já vem de longa data, e não há, uma alma sequer, que pegue o time para dirigir, que se livre dela ! Num lampejo de sensatez, Coelho, contra o Bahia, só colocou um deles, e então Mateus Vital, Araos e Roni, fizeram o time jogar. Mas para meu espanto, a praga o dominou novamente, depois daquela partida, o trio de garotos que sabe jogar , não foi mais escalado ! E deu no que estamos vendo, o trem indo de mal a pior, em vías de descarrilar …
Outra coisa, meu caro Alberto, é que o elenco do Corinthians é muito desequilibrado. Pegue o ataque, por exemplo,Você tem dois centroavantes, mas envelhecidos, Jô, 33 e Boselli, 35, ambos sem aquela mobilidade de antes, e um bando de moleques, que até pela pouca idade – principalmente o Léo Natel e Mosquito..- vão oscilar entre bons e maus jogos, o que é natural pelo idade deles….Entre esses dois extremos, o elenco não oferece mais escolhas…