Fla e Peixe espantando o medo

Foto: CARL DE SOUZA/AFP

O Flamengo goleou o San José por 6 a 1. Por estar entretido com o Santos nos divertindo na Copa do Brasil contra o Atlético GO – mesmo porque não achei um canal que transmitisse na tv a partida do Maracanã -, fiquei ali à espera dos melhores momentos e gols no programa que sucedeu ao jogo no Sportv.

E o que vi e ouvi? Vi e ouvi o excelente repórter Eric Faria cobrar do técnico Abel mais cuidados defensivos quando o Mengão já vencia por 3 a 1 e com um jogador a mais. E, mesmo assim, atirou-se ao ataque, abrindo brechas atrás para que o San José criasse boas chances, Foi um jogo frenético, lá e cá, garantiu o repórter, que preferia ver o Fla esfriando os ânimos e tal e cousa e lousa e maripousa.

Abelão, aliás, concordou: é isso mesmo, mas, como conter os jogadores insuflados por sessenta mil torcedores no estádio?

Pois, é. Esse é o espírito que se incorporou no futebol brasileiro nos últimos anos, transformando uma competição, que é, sobretudo, um espetáculo de massa, em fria contagem de números. Tá ganhando e ainda por cima com um jogador a mais? Então, para tudo que o mais importante é a segurança. É a ambição cedendo lugar ao medo.

E o espetáculo? A emoção do risco diante da possibilidade de uma goleada que lavará a alma rubro-negra, tão agoniada por não ver seu elenco milionário e altamente qualificado deslanchar de vez nesta temporada, isso é secundário?

Desgraçadamente é. Tanto para a imensa maioria dos nossos treinadores, quanto para a mídia esportiva em geral,

É voz corrente que o jovem, pela própria natureza, cultiva a ousadia, o desejo de visitar o inusitado, descobrir segredos, essas coisas todas.

Sucede que o jovem criado na dimensão do medo, tende a perder todos esses atributos. Como sua memória registra apenas esse joguinho modorrento, feito de muitos cuidados e praticamente nenhuma ousadia, não é capaz de imaginar outro cenário.

Mas, não precisaria recorrer a um passado não vivido, aquele em que o futebol brasileiro era inventivo e audaz. Basta ligar a tv e assistir o que fazem City, Liverpool, Bayern, Barça, Real, Ajax, Arsenal, United e tantos outros clubes menores da Europa.

Vá o amigo dizer pra Guardiola conter sua equipe. Receberá de volta um sorriso de piedade.

Esses times estão ganhando de três, quatro, e continuam se expondo em busca do quinto e sexto, até o apito final.

Ah mas se tomar uma virada, como é que fica? Fica assim mesmo. Afinal, trata-se de um jogo, não uma equação matemática, e, como tal, sujeito a todos os fatores que envolvem a própria vida.

Aliás, nem precisa ir tão longe. Aqui mesmo, no exato momento em que o Fla goleava o San José, o Peixe dava uma clara demonstração de como um time desclassificado nos pênaltis outro dia, no Paulista, depois de massacrar o vencer o Corinthians no tempo regulamentar, é capaz de se atirar ao ataque o tempo todo, mesmo correndo o risco inerente ao jogo de tomar gols do Atlético, que criou boas chances, diga-se.

E o pior: esse medo não é um sentimento restrito aos campos de futebol da pátria amada, idolatrada. É um viés que permeia toda a nossa sociedade, de cabo a rabo.

 

 

3 comentários

  1. Alberto Helena Jr.

    Não vi o jogo porém o “Framengo” ganhar do San José com um jogador a menos dentro do Maracanã é a mais do que obrigação afinal o San José não mete medo em ninguém com 11 quanto mais com 10 com um estádio lotado de “framenguistas” no maior pique de entusiasmo, é o jogo perfeito para o rapazinho (nem tão rapaz assim) Diego da foto enganar os iludidos torcedores rubronegros, temos um assim no Verdão que faz como ele finge que joga e só cresce quando enfrenta galinha morta estou falando do Lucas LIma é lógico, Diego e Lucas Lima dois malandros do futebol que enganam na maioria dos jogos se escondendo com toquinhos de lado ou então atrasando para a defesa, no “Framengo” o Everton Ribeiro joga muito mais e o Diego deveria estar esquentando banco para ele há muito tempo, o mesmo se aplicando ao Lucas Lima no Verdão que deveria estar esquentando banco para o Scarpa, para o Raphael Veiga e até mesmo para o Hyoran os três meias que estão jogando com muito mais vontade que o L.L. (lesma lerda ou então pode trocar o l pelo m), “Framengo” eterna ilusão farejadora carioca. Saudações palmeirenses.

  2. Tite declara em entrevista que admite que a seleção vem jogando mal e a lista está aberta para a Copa América. Tite mais quando é que essa seleção jogou bem dois, treis jogos seguidos, desde que você assumiu o time? Nunca. O Brasil é um time perdido sem esquemas vivendo de uma ou outra jogada individual de algum jogador. Essa da lista está aberta é uma das maiores fantasias que existe. Quem será que virá para salvar a lavoura? Algum Zico, Rivelino que ainda não tenha sido convocado? Sejamos justos com você. Apesar de você ser um treinador totalmente ultrapassado e defensor ferrenho de esquemas “casinha fechada lá trás”, não é você que tem a liberdade de convocar o time e escalar o time. Você é um treinador laranja do mercado comprometido com os altos negócios da CBF e dos seus parceiros. Por falar em Copa América, é um caça níquel da pior qualidade. A Copa América já foi grande.

  3. Nobres, Helena Júnior e Flávio Prado, parabéns pelos textos, de ontem, dia 12 ( esse número mágico, dito perfeito, e que talvez os tenham inspirado, a jogar luz, nas trevas ! ). Não poupem, tinta, e garganta quando dos programas na teve. Vocês, são a nossa voz, sufocada, daqueles que ouviram barbaridades, do tipo, ” vocês vão ter que me engolir ” ,como disse, aquele que impediu, o Divino Maestro, o mais clássico e humilde, jogador que conheci, de mostrar, em Copas do Mundo, seu brilhante, magnífico e inigualável jeito de jogar. Nós que gostamos do futebol, ficamos tristes, de ver, que além da escassez de craques, a maioria daqueles que o vem ” tocando ” , treinadores e dirigentes, não partilham dessa nossa paixão. E assim, por aqui, no Brasil, a contagiante frase, narrada, pelo gênio Fiori, “Fecham-se as cortinas e, termina o grande jogo ” , infelizmente, só ficará guardada no passado …

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