Cássio, o guardião

Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

O técnico Loss decidiu escalar todo o time reserva contra a Chape, neste fim de semana. Com uma única exceção: Cássio.

A propósito de Cássio, convido o amigo a fazer uma viagem em torno das palavras.

As palavras são levadas pelo vento, todos sabem. Vão e vêm com o passar do tempo. A maioria vai e não volta, cai no oblívio, esta, por exemplo, uma que se esvaiu de tal maneira que meu marcador ortográfico digital assinala como inexistente.

Outras poucas voltam, muitas vezes com sinal trocado, como, por exemplo, fanfarrão.

A crônica esportiva, sobretudo a radiofônica, e aqui entra a televisiva, tem sido uma usina de expressões que acabam transcendendo a seus limites e vão sendo incorporadas pelo linguajar das ruas: pisou na bola, fulano está na marca do pênalti, foi jogado pra escanteio etc.

E tudo começou lá atrás, quando as expressões inglesas do futebol passaram a ser substituídas pela nossas: back e stopper viraram zagueiros; os halves (no singular, half) passaram a ser médios, depois laterais e volantes; o insider, meia; o wing, ponta ou extrema; e o center-forward, centroavante.

E assim vai, porque a língua não tem osso, como ouvi de um gay se explicando ao delegado, quando detido na Central por disparar injúrias contra os vizinhos, mais de meio século atrás.

A bichinha vai mudando de acordo com os usos e costumes, ainda mais num país culturalmente colonizado como o nosso, em que a língua do colonizador se intromete em sua boca de forma avassaladora e promíscua.

Mas, dou essas voltas pra chegar a Cássio e à palavra que melhor definiria sua posição no campo de jogo.

De início, era goal-keeper, reduzido a keeper. Depois, vieram guarda-metas, guarda-valas, importada d’além mar, guardião, arqueiro e goleiro, Guarda-metas é inapropriado porque, entre outras coisas, o carinha guarda apenas uma meta em cada tempo. Guarda-valas perde o sentido na medida em que não há valas (buracos) a serem resguardados. Arqueiro tem duplo significado: o disparador de flechas e o arquiteto de arcos, objeto de formas curvas que não remetem à meta, feita de linhas retas – o travessão se sobrepondo a dois postes fincados na terra.

Além do mais, goleiro, hoje difundido por esses brasís afora, é insípido, frouxo na extensão mole de sua pronúncia, contrariando o conceito geral de seus congêneres – ferreiro, pedreiro, moleiro -, alguém que faz algo, pois o goleiro não faz gols, evita-os.

E guardião? Pois aí está um termo que deveria ser restaurado, principalmente em respeito ao tamanho e à importância de Cássio. Ninguém mais do que ele é um autêntico guardião do templo alvinegro, último reduto da esperança da Fiel.

Com aquele porte de gigante, rosto talhado a cinzel, braços e pernas infinitas, Cássio é o autêntico guardião da fé corintiana, um São Jorge sem espada, cavalo e armadura. Um genuíno guardião de tantas mitologias de um passado que se perde no tempo mas não na memória.

 

 

7 comentários

  1. Quanto aos termos mestre, como podemos esperar a utilização de expressões do futebol próprias nossa se nunca houve literatura brasileira expressiva e de qualidade em que houvesse isso?

    Os técnicos e jornalistas tem de estudar a literatura portuguesa e outras para isso.

  2. O Cássio é um ótimo goleiro, mas no jogo contra o Colo-Colo rebateu umas bolas para a frente a “la Sidão”, se os atacantes do adversário fossem espertos teriam marcado facilmente mais dois gols. Sou torcedor do São Paulo e menino ainda comecei a acompanhar a atuação de goleiros como o Poy e o Suli e mais recentemente o Rogério Ceni e fico assustado com as atuações do Sidão. Falta ao Cássio,,para a nossa alegria, tomar umas aulas particulares com o Sidão, “de como pular, em câmera lenta”, depois que a bola passa

    .

  3. Alberto Helena Jr.

    O Cassio é um goleiro super valorizado pela mídia, que busca desesperadamente criar um ídolo para a sofrida torcida corintiana, torcida esta que já começou a sentir “o cheiro da brilhantina” quanto ao futuro do clube e do time, o clube não tem salvação é falência não sei se a médio ou longo prazo, vai depender da investigações da Lava Jato, lá naquele fim de mundo de Losst em itaquera city, esse estádio impagaável, superfaturado nascido de um delírio megalomaníaco daquele sacana que está bem guardado em Curitiba, definhando a cada dia que passa sem a pinguinha sagrada para ele no dia a dia e também a noite, mais ele não esteve sozinho nesta sujeira o atual presidente do pangaré itaquerense também está e não haverá banheiro feminino que o salve, o país será passado a limpo em todos os setores e principalmenye no esporte, fonte também de corrupção e negociatas, quanto ao time começou o declínio na mão daquele aprendiz de técnico e isso acabará na série B do brasileirão, quem viver verá, e não há goleiro que segure essa bucha, ainda mais o Cassio que só tem tamanho e não sabe por exemplo sair em bola cruzada sobre a sua área, cada cruzamento na área do pangaré itaquerense é um Deus nos acuda, vide o gol do Colo Colo na Libertadores, aonde estava o Cassio, grudado debaixo das traves e rebatendo para o meio da área no pé do jogador chileno, bota mais um gol na conta do goleiro alemão do time de itaquera o Frank Stein (perco o amigo mais não perco a piada). Saudações palmeirenses.

  4. Parabéns Helena Jr. pelo reconhecimento desse excelente goleiro alvinegro.
    Se não fosse ele o Corinthians não seria Bi Campeão Mundial e nem teria Libertadores até hoje.
    Ganhou tudo pelo Corinthians. Pode até falhar pois tem créditos até demais! Merece um busto no Parque São Jorge!
    A mostra mais recente foram as defesas contra o São Paulo e contra o Palmeiras nos penaltis dando ao Timão o título do Paulistão.
    No jogo contra o Botafogo RJ muitos da imprensa internacional consideraram a defesa do século, tamanho o grau de dificuldade. Um torcedor do Liverpool ao ver o lance falou que tinham contratado o goleiro brasileiro errado! Quantos aos criticos do Cássio eu acho que eles nunca jogaram no gol pra falar tanta besteira!
    Abraço!

  5. Nobre, Helena Júnior, concordo plenamente com o comentário do Sr. Jorge . Mas se eu fosse treinador do Corinthians, providenciaria vídeos com as atuação do Rodolfo Rodrigues, o único goleiro que saia, com perfeição do gol, dominando não só a pequena, mas também a grande área, não tinha medo. Seria uma aula, para corrigir o único ponto fraco do Cássio e de TODOS os goleiros brasileiros.

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