Nem movido a bicho gordo esse milionário Palmeiras vai à frente. Nesta noite de segunda, conseguiu perder para o Avaí, que não ganhava de ninguém em sua casa desde os tempos do Dilúvio, por 2 a 1, novamente praticando aquele futebol insosso e  inconsequente com que varou a temporada até aqui.

E já começou errado, com a escalação de três volantes (Tiago Santos, Moisés e Tchê-Tchê) contra um dos lanternas do campeonato evidentemente desprovido de um ataque que merecesse tanta atenção assim. E, mesmo assim, o Verdão levou dois gols antes de Valentim se mexer no banco.

O primeiro, de pênalti cometido por Prass em Maurinho, num contragolpe avaiano que pegou fora de posição todos os três e a linha de zaga. Marquinhos converteu aos 13 minutos do segundo tempo. E logo depois, foi a vez do menino Lourenço, que havia acabado de entrar, novamente com todo o sistema defensivo desfeito: 2 a 0.

Foi só então, que o técnico Valentim resolveu desfazer o malfeito, trocando o volante Tiago Santos pelo avante William, que logo meteu uma bola no poste, sem goleiro, ao receber passe limpo de Borja. Por falar em poste, coube a Tchê-Tchê, ainda no primeiro tempo criar uma das raríssimas chances de gol do Palmeiras, ao disparar no travessão a poucos metros do goleiro.

E, aos 29, coube a Keno, de cabeça, reduzir o placar pra 2 a 1.

Ao sacar os outros dois volantes – Moisés e Tchê-Tchê -, com as entradas do atacante Deyverson e do meia Guerra, então, o Palmeiras passou a assediar pra valer a meta do Avaí, esbarrando nas duas boas defesas do goleiro cujo nome não me atrevo a escrever por falta de consoantes.

Assim, o Verdão, embora praticamente classificado para a Libertadores do próximo ano, vai vendo escapar a chance de encerrar o ano com um título ao menos – o de vice, que, para o brasileiro, é o primeiro dos últimos.

Quem escapou de vexame maior foi o Fluminense, que à tarde, num joguinho mixuruca, venceu a Ponte, no Maracanã, por 2 a 0.

Meu amigo, nosso futebolzinho vai mesmo de mal a pior.

Há quem diga que é por falta de grana pra grandes investimentos dos nossos clubes em craques, essas coisas. Esse é o caso do Palmeiras e do Flamengo?

Compare os orçamentos e os investimentos desses clubes com os de quatro ingleses que vi em ação no domingo e nesta segunda-feira. Não, não me refiro aos milionários City, United, Liverpool, Chelsea, Arsenal, Tottenham, nada disso.

Reveja só Watford versus West Ham e Brighton contra o Stokes City, quatro pequenos que lutam pra não cair já no início do campeonato deles lá. Foram dois jogos de encher os olhos de quem gosta realmente de futebol, não apenas de seu clube favorito.

Bola tocada de pé em pé, sem chutões, sem chuveirinhos inúteis o tempo todo, sem cera dos jogadores, que aqui se estende até na cobrança de lateral, sem as intermitentes faltinhas de meio de campo, sem retrancas deslavadas. Nada disso: é lá e cá do início ao fim.

E o pior é que não vejo aquela luzinha no fim do túnel, pois trocam-se os velhos treinadores pelos novos, novos tão velhos quanto seus antecessores. Isso, sem falar nessa cartolagem dividida entre os que deviam estar atrás grades e os que teriam de voltar aos bancos escolares, com raríssimas exceções, claro.