Itália, Peixe et caterva

Foto: Marco BERTORELLO/AFP

Apocalipse!, brada o jornal italiano diante da desclassificação para a Copa da Rússia da Azzurra, que não foi além de um zero a zero agônico frente à Suécia, em Milão.

O velho livro ensina que o Apocalipse é apenas o fim de um ciclo de expurgo ao malfeito e o início de um novo, beatífico, feliz, celestial.

Portanto, se esse desfecho apocalíptico da caminhada da Itália em direção à Copa do Mundo representa o fim de um ciclo, pode-se imaginar o Papa assumindo a sacada da Praça do Vaticano para anunciar o novo advento: “Habemus foot-ball! Non habemus mai il Calcio!”.

Sim, porque o calcio (literalmente, calço) viveu séculos à sombra do catenaccio, o ferrolho, a retranca, um jogo voltado exclusivamente para a defesa, em que a conquista do gol passa a ser mera casualidade, o anti-futebol.

Por conta disso, o futebol italiano tem declinado nos últimos anos. Seu campeonato, que era o mais atraente da Europa, nos tempos de Arrigo Sacchi, que, por sinal, no Milan tentou mudar o braço da viola, despencou diante do inglês, do alemão e do espanhol, correndo o risco de ficar abaixo ainda do francês do PSG. E a Azzurra vem caminhando aos tropeços, apesar das tentativas de mudança feitas por Conte. Mudança que vem sendo contestada por Chiellini, o becão gerente da Seleção, que culpou o guardiolismo de destruir o sistema defensivo italiano.

Contra a Suécia, a Itália jogou de cabo a rabo com três zagueiros, teve 75 por cento de posse de bola, oferecida por uma Suécia que aferrolhou o catenaccio italiano para preservar o 1 a 0 obtido em Solna no jogo de ida, mas não conseguiu criar mais do que duas chances reais de marcar o golzinho que levaria a decisão para os pênaltis.

Enfim, é de se esperar pra ver o que virá depois do apocalipse na Bota.

Mais tarde, foi a vez de o Peixe entrar em campo em busca de um laivo de esperança de chegar, quem sabe, outrossim, talvez, contudo, no entanto, ao título brasileiro já devidamente lustrado na ante-sala dos troféus do Parque São Jorge.

E o que se viu foi um Santos amorfo, inconsistente, diante de uma Chapecoense decidida. Sem Bruno Henrique, toda e qualquer ação ofensiva do Santos ficou a cargo de Ricardo Oliveira, que, no máximo, conseguiu meter uma bola nas traves verdes. Isso, quando a vaquinha do Peixe já se embrenhara no brejo, pois a Chape havia definido o placar de 2 a 0, com gols de Wellington Paulista, de pênalti, e de Arthur.

Isso, entre outras coisas, porque o interino Elano decidiu escalar Lucas Lima como atacante e não armador. E, logo no início do segundo tempo, tirou o melhor jogador da equipe, para colocar Jean Mota em seu lugar, quando quem merecia ser substituído era Mateus Jesus. A saída de Lucas Lima, ninguém me  convence do contrário, era Elano jogando para a galera santista que anda pegando no pé de seu principal craque.

Quando as decisões são tomadas com tal viés, o fracasso está ali, ó, a um passo.

11 comentários

  1. Vendo a escalação da Itália, eu percebo que foi melhor que ela não fosse mesmo pra copa.O time é fraco e nada lembra a poderosa tetra Azurra ! A única lamentação minha é Buffon, o grande goleiro Buffon não poder jogar sua última copa, fato que também aconteceu com Robben, depois da eliminação da Holanda ! Copa diferente essa da Rússia, sem Holanda e sem Itália !

  2. Pois é, Alberto, novamente um excepcional texto.
    Já caíram dois poderosos times para a copa na Rússia.
    E o Brasil agradece sim senhor, e como!
    Quanto menos pedregulhos no caminho do Brasil, melhor e mais limpa a conquista canarinho.
    Se bem que, mesmo com a Holanda e a Itália, o Brasil é franco favorito, aposte meu amigo.
    Tite sabe tudo do futebol europeu e arma a seleção de forma inteligente, vamos ver agora (hoje) no jogo contra a Inglaterra.
    Lógico que é um amistoso, mas, futebol é futebol…basta rolar a bola e ninguém quer perder, certo?
    Faço minhas apostas 100% no Brasil de Tite.
    Grande abraço e saudações, Mestre.
    P.S.: Quanto ao santos, bem….bah!!

  3. Palavra de Ivan Moysés: “nenhum time é campeão se não privilegiar a marcação” Meu velho, esse tal de “privilegiar a marcação” é que levou a Azurra a ficar fora do mundial, Uma tragédia. A Itália meu velho, foi grande quando era recheada de grandes craques desde os anos 70 quando tinha Giggi Riva, Rivera o Bambino de ouro, Antognioni, Mazzola o Sandrino, Paolo Rossi, Baresi, Maldini e vai por ai afora. No momento que começaram as escassear os craques e aumentar os cabeças de bagre o selecionado começou a fazer água e para mim essa desclassificação não foi nenhuma surpresa, como não será o naufrágio do Titenic que segue no mesmo rumo.

    1. Mas foi assim que a Itália ganhou a copa de 2006, jogando defensivamente tanto é que teve, Materazzi,seu zagueiro eleito o melhor jogador daquele mundial. Não existe mais esse romantismo de se jogar apenas preocupado com o ataque no futebol moderno. O time atual da Itália é apenas reflexo da decadência do próprio futebol italiano.

      1. Véio, Materazzi? Aquele que xingou a irmã do Zidane? Materazzi é o supra sumo do brucutulismo. Me admira muito uma pessoa inteligente como você falar do cara que representa o estado atual do futebol italiano. O brucutulismo ao extremo.

  4. Com o Lucas Lima, o Santos tem um futebol mais lento, não consegui jogar no mesmo nível de competitividade que os demais., perde o jogo para times de melhor conjunto, e mais raça. (Vasco, chapecoense, etc.) Acho que com a entrada do Jean Mota e do Serginho, o time melhorou, muito, ficou mais rápido, mais solto, chegou bem mais na área adversária, E deveria ter conseguido o empate, pelo menos, Mas acho que faltou mesmo, foi espírito de vitória.

  5. Uma pena a a Itália fora do mundial. Quanto a Elano e Lucas Lima há uma coisa que deve ser dita ,Elano não é técnico e Lucas não quer jogar mais no Santos, isto é notório! Então o Santos está jogando com um jogador a menos!

  6. Alberto Helena Jr.

    A Azzurra teve estar zurrando até agora, não perceberam que o futebol evolui e graças aos deuses do futebol a mentalidade futebolistica e intelectual dos treinadores também evolui e o que ocorreu é que a Itália ficou muito previsível táticamente, é aquele velho ferrolho implantado na maioria dos times italianos, é aquele ferrolho do Milton Buzzetto do Juventus da Móoca, é aquele ferrolho manjado do pangaré itaquerense do Carrille, Mano Menezes, Tite, não pense que iremos longe na Russia com o atual treinador, pegar essas galinhas mortas aqui na América do Sul é uma coisa e Copa do Mundo é outra coisa a única esperança do Brasil vai no palmeirense Gabriel Jesus que está jogando o fino da bola na Inglaterra ensinando aqueles cinturas duras o que é drible e posicionamento tático usado com inteligência na área. Ah o Santos como dizia meu avô mijou fora do penico…simples assim. Saudações palmeirenses

  7. É o melhor que poderia acontecer à Azurra. Todos, técnicos, diretores, jogadores e imprensa devem iniciar um novo futebol à Itália a partir dos jovens nas bases e uma nova mentalidade de como jogar o futebol moderno, fugindo ao que disse Chielini, incentivando as retrancas famosas. Vejam o exemplo da Inglaterra após 2014. Já ganharam este ano o mundial sub 17 e sub 20.

  8. Helena, com todo o respeito ao povo Italiano, aliás, povo fantástico, assim com sua cultura e seu país, e apesar de a seleção brasileira ter ganho em 1994 da Itália, como sou um apaixonado pelo futebol arte, e que aprendi a gostar de futebol arte acompanhando a primeira copa do mundo que me lembro, ou seja, a de 1982, não posso deixar passar essa pra dizer ” Chuuuupaaa Paolo Rossi, seu estraga prazer. Até 2022.”. Kkkk.

  9. Não bastassem os estupros conta o idioma, cometidos pelos leitores, a Gazeta Esportiva coloca no ar uma tirinha com a pérola fecal:”Italia “frusTA”….

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *