Tite revelou mais uma vez que está de olho fino no que rola lá fora, no programa da Fox comandado com o brilho habitual pelo meu querido Prieto. Perguntado sobre qual jogador estrangeiro gostaria de ter na Seleção, com exceção, claro, de Messi e CR7, Tite foi na mosca: David Silva, aquele canhoto esperto, meia-armador da Seleção Espanhola e do City de Guardiola. E acrescentou mais dois: Lewandoviski, o implacável artilheiro polonês do Bayern, para alternar com Gabriel Jesus, e, pasmem!, um brasileiro que não o é nos campos de futebol, embora em seu passaporte distribua sua nacionalidade entre Brasil, Itália e Espanha – Thiago Alcântara, armador da Fúria.

Os três, sem dúvida, estariam na minha lista também. Especialmente, David Silva, aquele típico meia-armador que no Brasil de outros tempos saía pelo ladrão e hoje em dia não se acha nem com uma lupa, graças, entre outros motivos, pela fixação da figura dos dois volantes, o que transformou esse meia quase num terceiro atacante.

Apesar da escassez desse tipo de jogador no Brasil atual, há um que se assemelha demais ao espanhol, em estilo, inventiva e habilidade: Lucas Lima.

Faltou ao excelente time da Fox participante do programa perguntar ao nosso treinador por que não tem chamado o meia santista, então. (Ô, meu caro PVC, logo você, tão atento à cena futebolística!).

Cá entre nós, desconfio que talvez seja pelo temperamento do craque dentro das quatro linhas. Como quase todo canhoto habilidoso, digamos que seja um tanto bipolar: ora, se atira à partida com frenesi; ora, se embrenha numa sombra virtual do jogo. Especialmente quando olha para os lados e não vê por ali um Renato, um Thiago Maia, um Vítor Bueno, um Bruno Henrique, enfim, jogadores de um nível que se aproxime do dele.

É o que faz a própria torcida do Santos, onde Lucas Lima é rei, voltar-se contra o jogador vira e mexe, como ocorreu no jogo desta segunda-feira, apesar de, se analisada com rigor e sem paixão sua participação nesse jogo, veremos que de seus pés saíram as raras boas jogadas de um time sem alma nem ciência.

Eis, então, uma bom desafio para um técnico do nível de Tite, fino observador não só da técnica mas também da alma do jogador de bola que ele foi também, com boa qualificação, diga-se: fazer Lucas Lima substituir David  Silva nos seus devaneios e no campo de jogo da Seleção. O futebol agradeceria.

NA LINHA DO GOL

A rodada da Liga dos Campeões foi plena de goleadas, como deve ser, aliás, um torneio desse porte, ao contrário do que os incautos justificam nossa habitual estiagem de gols sob o pretexto de que aqui as equipes são muito parelhas. Parelhas no mais baixo nível técnico e anímico. Lá, quando um time pega no breu, sai de baixo, seja lá qual for a fama e a força do adversário. Ainda mais quando o inimigo é fragilizado pela própria natureza.

Esse parece ter sido o caso da goleada implacável do Liverpool sobre o modesto esloveno Maribor, na casa do adversário: 7 a 0, com dois de Firmino e mais um de Coutinho, afora as miríades de assistências do brasileiro amamentado em São Januário. Mas, não o foi nos 5 a 1 despejados pelo Spartak sobre o Sevilha, num jogo em que os andaluzes poderiam ter ido para os vestiários no intervalo com o placar de 3 a 1, fácil, fácil.

Placar modesto mesmo, pelo andamento da partida, foi o empate por 1 a 1 entre Real e Tottenham, no Santiago Bernabéu., com um gol de pênalti de CR7 que não houve. Era pra ter sido coisa de 3 a 3, no mínimo, não fosse a grande exibição dos dois goleiros – Lloris e Navas. Modesta também foi a vitória do City de Guardiola, que vem disparando gols às pencas no Campeonato Inglês: 2 a 1 sobre o líder italiano Napoli, com direito a pênalti defendido por Ederson , um gol de Gabriel Jesus e muitas chances desperdiçadas pelos azuis de Manchester, dentre eles, um tirombaço de De Bruyne na trave.