Vira que revira e vira – soa como cantiga e dança portuguesas mas foi apenas o tom inicial da sinfonia de gols que o campeonato inglês nos reserva: Arsenal 4 a 3 no Leicester, em jogo eletrizante do começo ao fim.
Sobretudo o fim, quando o Arsenal perdia por 3 a 2 e com a dupla Ramsey-Giroud chegou aos números finais.
E tudo havia começado com Lacazette, exímio atacante recém-contratado do Lyon, um daqueles raros centroavantes ao mesmo tempo oportunistas que sabem jogar bola.
Em seguida, veio a virada do Leicester, em falhas de Cech, que saiu mal do gol, e de Xhaka, que errou passe fatal na sua defesa, dentre tantos equívocos ao longo da partida.
Welbek empatou para Vardy desempatar, antes da revirada final.
O curioso nesse jogo é que, mais por necessidade do que por convicção, o técnico Arsène Wenger (quase escrevi Lupin) recorreu a um pastiche do WM que seu antigo antecessor, Herbet Chapman, implantou no mesmo Arsenal, há quase um século. Ou, no jogo dos números atuais, um 3-4-3.
A diferença – além do fato de os três zagueiros improvisados não o serem de fato – é que, em vez do quadrado mágico de meio de campo (dois médios apoiadores e dois meias), estendeu uma linha de quatro na horizontal.
Mas, o fato é que o quadrado mágico de Chapman previa isso também, pois era assim chamado porque o quadrado poderia se transfigurar em outras formas geométricas – um triângulo, um losango, um trapézio, um retângulo e até mesmo uma linha reta, dependendo da disposição em campo desses quatro jogadores.
O diabo é que, defensivamente, o Arsenal foi um desastre, até que Wenger decidisse, no desespero, romper aquele formato e apostar na zorra total, com as entradas do meia Ramsey e dos atacantes Giroud e Walcott.
Então, partiu pra cima e alcançou o resultado inesperado. Quer dizer: inesperado pra nós, acostumados a esse lugar-comum que aqui vigora nas retrancas disfarçadas sob o eufemismo de equilíbrio.
Com o perdão da palavras, meu amigo, viva a porra-louquice, esse toque raro de sanidade divertida.