Nossa pobreza de espírito no futebol

Tava aqui vendo o encontro entre Wolfsburg e Werder Bremen, dois rabeiras do campeonato alemão. E que bela festa! Estádio lotado, uma elegante coreografia de luzes antes da partida, culminada com a exibição no telão da animação da silhueta de um lobo uivando para a lua, em referência ao símbolo da cidade e do clube da casa.

Bola rolando, lá e cá, um jogo feito de toques, muita dedicação de parte a parte, dribles, enfiadas surpreendentes e chances sendo criadas umas atrás das outras. Basta dizer que, em vinte e quatro minutos de partida, já estava 2 a 1 para o Bremen. Um verdadeiro espetáculo pirotécnico com a bola em jogo.

Foto: Fernando Dantas/ Gazeta Press

Aí fiquei comparando com o clássico de quarta-feira. Uma data nobilíssima do futebol brasileiro: O Derby dos Cem Anos, um jogo marcante, histórico, entre Corinthians e Palmeiras, duas das maiores torcidas do mundo, dois dos clubes mais vitoriosos da história, repletos de ídolos inesquecíveis e conquistas preciosas, dois rivais incomparáveis e tal e cousa e lousa e maripousa.

E o que se viu no estádio? Nenhuma celebração especial. Os dois times entraram em campo, como se estivessem disputando mais um jogo do Paulistão, esse anacronismo, e, bola rolando, uma indigência sem par, culminada por um gol nos minutos finais de Jô.

E não venham me dizer que os alemães fizeram aquela festa porque têm mais dinheiro do que o pobre brasileiro.

Nada disso, o que eles fizeram não representava um tostão a mais do que o gasto para o jogo normal. Foi apenas uma centelha de criatividade, engenho, essas coisas baratas e sem preço que existem ou não no interior de qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, rica ou não.

A Federação Paulista de Futebol tem grana suficiente para pagar bem altos executivos de marketing e até contratar especialistas na área dos espetáculos para oferecer algo mais do que o vazio ofertado. Ao brasileiro, criativo o suficiente para montar o maior espetáculo da terra durante os desfiles do Carnaval, não carece de imaginação, mesmo numa crise desgraçada como a que vivemos.

O que falta não é dinheiro, não. É riqueza de espírito nessa gentalha que toca o futebol como se fosse uma rinha de galo disputada num celeiro abandonado nos fundões deste pobre Brasil.

5 comentários

  1. Meu caro Alberto, vc foi de uma felicidade ímpar ao descrever nosso futebol não só o paulista, mas no geral. A palavra para isto é “AMADORISMO” chamar nosso futebol de profissional é um insulto. No nosso tempo aqui na terra jamais veremos está situação mudar mesmo que seja por um milímetro, como dizia o nosso saudoso Vicente Matheus “Haja o que hajar, nada vai mudar!” Temos 517 anos e somos amadores em tudo, política, futebol, tudo absolutamente tudo a unica coisa que está crescendo de forma assustadora é o poder paralelo dos criminosos. So, God save the queen!!!!!!!

  2. Caro Alberto,caso os jornalistas contassem a verdade sobre as roubalheiras e maracutaias o povo sabedor disso cobrasse melhor seus eleitos. A ligação notícia e povo está tão corrupta quanto estamos vendo diariamente em todos os setores da sociedade, brasileira e mundial.

  3. Meu caro Alberto, concordo com tudo o que disse, mas tambem temos que rever os comentarios e afins da nossa imprensa (torcedora, eu digo), pois nos comentarios e nas “torcidas” de nossos profissionais eu vejo que causam um monte de inflamacao nos torcedores dos varios times, voce por exemplo quando o lance eh duvidoso e envolve o Corinthians voce tende para o lado adversario; Flavio Prado diz que eh torcedor da Ponte Preta mas sabemos que o mesmo eh saopaulino; Vanderlei Nogueira sabemos que o mesmo eh palmeirense, a ponto de num jogo na Arena Corinthians, quando o Dudu fez um gol no final do jogo, ele vibrou muito e o jogador que adora uma “ciranda” foi abraca-lo (ele eh um profissional da imprensa e nao poderia mostrar partidarismo, pois muitos torcedores o respeitam); Milton Neves eh o pior de todos, ele incentiva a torcida contra o Corinthians e usa um canal de televisao e uma radio; dai lembramos do saudoso “Fiori Giglioti” que transmitia um futebol no radio fora de serie, descnfiavamos que era palmeirense, mas nunca demonstrou…

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