E viva a virada!

Foto: AFP PHOTO / Paul ELLIS
Foto: AFP PHOTO / Paul ELLIS

Passei o fim de semana pra inglês ver.

E, mais uma vez, repito: lá, prevalece a lei do Chacrinha – o jogo só acaba quando termina.

Foi assim com o clássico de Manchester. O City vencia por 1 a 0, gol contra de Cahill, durante todo o primeiro tempo. Pois, no segundo, o Chelsea virou pra 3 a 1. Uma festa para os meninos que se deleitam com aquelas fórmulas alquimistas que mais se assemelham a números de telefone ou de CPF, agora, com a restauração da tal linha de três zagueiros, sucata jogada no lixo da história há alguns anos, e restaurada por Conte, o técnico italiano do Chelsea, líder do campeonato.

É a lenda do escorpião: ninguém escapa de sua natureza. Pois, Conte, como bom italiano, não consegue quebrar as algemas do velho Catenaccio, o Ferrolho Peninsular, que já fez a fama de muitos brasileiros, a partir do imigrante De Domenico, com sua Cerrada e Cerradinha, até os atuais Felipão e cia.

A diferença é que Conte conta (a ressonância é intencional) com apenas dois zagueiros de ofício na sua última linha de defesa, pois Azpilcueta, é um lateral de origem, ofício e vocação, com maior sentido defensivo.

Nada de novo, revolucionário, ou necessariamente eficiente, embora o Chelsea venha cumprindo seu desígnio com êxito no campeonato.

Basta lembrar que, lá na Copa de 70, Zagallo apelou para uma formação muito similar, retendo o lateral-esquerdo Everaldo, ao lado de Brito e Piazza, enquanto Carlos Alberto Torres se mandava do outro lado.

Meu caro: futebol não é pebolim. Os caras se mexem o tempo, saem de um lado pro outro, recuam, avançam, caem pra direita, pra esquerda e tal e cousa e lousa e maripousa.

A turma confunde esquema com tática. Esquema ou sistema é aquela formação inicial, que a tática (isto é: as transformações realizadas durante o rolar da bola) pode alterar até o fundamental, se for o caso.

O próprio Guardiola que, equivocadamente, resolveu espelhar seu time ao do Chelsea, também com três zagueiros, já se utilizou dessa sistemática nos tempos de Barça, com Puyol, Piqué e Abidal (Mascherano era volante e Abidal eram lateral que também atuava como zagueiro), e no Bayern, com o versátil lateral-esquerdo Alaba atuando como terceiro homem da última linha de defesa.

Isso quer dizer que o cara não inventou a roda, nem deu um passo atrás, pois que não são três zagueiros de ofício, que, protegidos por dois cabeças-de-área, formam a mais vil retranca. Isso, sim, seria um atraso inominável.

Mas, detalhes técnicos à parte, foi emocionante ver o Everton empatar com o Manchester United, no último minuto, com direito a virar o jogo.

Por falar em virada, nada parecido com o que fez o Bounertmounth diante do Liverpool: saiu perdendo por 3 a 1 e chegou aos 4 a 3, no finalzinho, com todos os méritos, pois quase ampliou o placar pouco antes.

Isso é jogo de futebol: estádio lotado, ainda que pequeno, bola lá e cá, sem medo, sem retrancas, seja grande ou pequeno, azul, amarelo, vermelho ou gris. É a cor do jogo.

 

 

 

 

 

 

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