Fórmula 1 no Brasil é outra coisa

Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

A Sprint é um bom resumo do que é a Fórmula 1 em Interlagos. Não há lugar para o tédio, para a fila indiana. No segundo ano consecutivo, a Sprint foi ótima. Na sexta, a pole inesperada de Kevin Magnussen. No sábado, a vitória imprevisível de George Russell depois de um belíssimo duelo com Max Verstappen até chegar à ultrapassagem na terceira tentativa. E ainda a arrancada de Lewis Hamilton, saindo do oitavo para chegar em 3º. As Mercedes ressuscitaram no GP São Paulo de F1. Logo mais, às 15h, os pilotos alinham no grid para outro desafio em Interlagos.

Mas a interação da Fórmula 1 com Interlagos e com o Brasil não fica apenas na pista. O tour de Lewis Hamilton por Brasília, aplaudido de pé no Congresso, e Rio encontrando-se com lideranças negras, visitando favela, surpreendendo-se com um novo mural de Kobra em uma escola da zona sul paulistana deu o tom da semana que antecedeu ao Grande Prêmio. Depois concedeu entrevistas aos principais jornais, reafirmando seu compromisso com as causas ambientais e defendendo o esporte como alavanca para conquistas sociais. Depois de um ano difícil, sem vitórias, o GP São Paulo atenua o sofrimento de Hamilton. E o chefe Toto Wolff não está no Brasil para ver tudo isso.

Arquibancadas lotadas, gente bonita, vibração e uma indisfarçável preferência pelo ‘patrão’, deram a graça do sábado bonito em Interlags. O que não impediu os aplausos de pé para Magnussen e Russell, após a Sprint. A torcida brasileira conhece automobilismo.

Você não encontra esse mesmo clima em todos os lugares onde a Fórmula 1 aterriza. Aqui Sebastian Vettel, por exemplo, despedindo-se de Interlagos, tem um grupo de torcedoras, as ‘Vettels’, que se reúne uma vez por ano vindas de Belém do Pará, Espírito Santo, Paraná, São Paulo. Elas estão firmes com camisetas customizas na arquibancada A.

Aqui, o aeroporto e os hotéis recebem cerrada marcação dos fãs nos dias que antecedem à corrida. Quase todos foram tietados ao desembarcar em Cumbica. E retribuíram com humor e atenção. O apoio irrestrito da Liberty Media à diversidade já mudou o ambiente no paddock internacional, atrás dos boxes, muito mais descontraído.

A camaradagem entre os pilotos brasileiros – Rubinho Barrichello e Felipe Massa circulando em todas as áreas – Emerson Fittipaldi recebendo homenagem pelos 50 anos do primeiro título em clima de interação com os netos Pietro e Enzo e a peregrinação para ver o busto de 3,5 metros de Ayrton Senna, esculpido pela sobrinha Lalalli Senna, revelam o que é o GP. A história aqui é diferente.

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