Para Frigério, futebol feminino no Paraguai se desenvolverá mais rápido do que no Brasil

Marcelo é um dos dois técnicos brasileiros à frente de equipes sul-americanas femininas (Foto: APF)

Se geograficamente Brasil e Paraguai estão lado a lado, quando o assunto é futebol feminino, a situação dos dois países não é tão próxima assim. Enquanto as comandadas por Pia Sundhage ocupam a sétima posição no ranking da Fifa, suas vizinhas aparecem apenas no 50º posto – exatamente no meio da tabela entre as equipes sul-americanas.

No Paraguai, a esperança de subir na lista da Federação Internacional veio das terras tupiniquins: Em dezembro do último ano, Marcelo Frigério, que estava no Cruzeiro, chegou ao comando da equipe latina. Agora, o objetivo é fazer história e conquistar uma classificação inédita para a Copa do Mundo de 2023, que acontece na Nova Zelândia e Austrália.

“Se a gente conseguir desenvolver nosso projeto, temos potencial para lutar por uma vaga no Mundial”, afirmou o treinador ao Entrelinhas. “Mas estamos correndo contra o tempo. A Emily Lima, no Equador, por exemplo, já está desenvolvendo o trabalho há dois anos e a gente chegou aqui agora”.

A corrida contra o tempo acontece porque, para ir ao Mundial, Marcelo e equipe têm que passar pela Copa América, que acontece em julho deste ano. Para conquistar a sonhada vaga na Copa do Mundo, a Seleção paraguaia precisa estar entre as três melhores equipes na competição continental ou se garantir na repescagem.

Marcelo comanda a equipe desde dezembro do último ano (Foto: APF)

Como a maior parte das atletas que defendem o Paraguai jogam fora do país, Frigério está apostando em uma pré-temporada com as que atuam em casa. O principal desafio para o treinador, entretanto, é o rendimento das jogadoras locais, já que elas disputam apenas o campeonato nacional – que dura três meses — e acabam desfalcadas fisicamente.

“As selecionadas não têm um lastro físico, nem técnico. O campeonato aqui é muito curto e, por isso, elas não têm uma continuidade”, destaca Frigério.

A sensação é de djavú. Atuando no futebol feminino há 24 anos, Marcelo revive, no Paraguai, o que viu no Brasil décadas atrás. “Antigamente, no Brasil, as meninas jogavam society, salão e campo para ganhar um dinheiro extra – e isso acontece muito aqui hoje. Uma ou outra até trabalha meio período. O que elas passam aqui hoje é o que passei 15 anos atrás”.

Para ele, entretanto, o processo de desenvolvimento do futebol feminino paraguaio vai ser mais rápido do que o brasileiro. Isso por conta da pressão que a Fifa e a Conmebol têm feito em cima das federações e dos clubes. “Todos times de primeira divisão são obrigados a ter futebol feminino. Esses vinte anos que estamos atrasados em relação ao Brasil vão se transformar em cinco”.

Segundo Marcelo, dois itens são essenciais para o desenvolvimento da modalidade no país e no continente: “Competições de base e calendário – um campeonato para jogar o ano inteiro e ter continuidade”, finaliza.

 

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