
Tainá Borges, goleira do Corinthians feminino, teve que assistir suas companheiras de equipe erguendo a taça da Libertadores, no último domingo, pela televisão. Ainda recuperando-se de uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, ela não viajou para Montevideo para ver de perto a conquista do tricampeonato do Timão. Mas a distância não impediu a atleta de celebrar o feito que, para ela, é resultado da estrutura que o clube oferece.
“Faz toda diferença você ter uma alimentação boa, uma moradia boa, um campo bom pra treinar e jogar, uma equipe que sempre está buscando os melhores resultados juntos”, destacou Tainá ao Entrelinhas.
Não é à toa que o Corinthians, por vezes, tem placares elásticos.
Na semifinal da Libertadores, por exemplo, o grupo goleou o Nacional, do Uruguai, por 8 a 0. Vale enfatizar: na semifinal de um campeonato continental. Nesse cenário, é impossível que as atletas não sintam a “diferença” que a estrutura (ou a falta dela) faz no futebol das rivais. Apesar disso, Tainá acredita que a humildade durante partidas com times “menos favorecidos” é essencial.
“Sempre procuramos fazer nosso trabalho sem desrespeitar nenhuma instituição, nenhum clube e muito menos as atletas que estão buscando o mesmo objetivo nosso, de ser campeãs e fazer um bom trabalho”, afirmou a goleira.
Hoje, o Corinthians é uma das (para não dizer “a”) maiores potências quando o assunto é futebol feminino na América do Sul. A média por lá é de um título por temporada. Desde 2018, quando Arthur Elias assumiu o comando do grupo, o time acumula três Libertadores, três Brasileiros e dois Paulistas.
Com o resultado do último final de semana, o Timão se igualou ao São José como maior vencedor da competição continental. A equipe do interior levou o caneco em 2011, 2013 e 2014.
Esses seis títulos somados, do São José e do Corinthians, mostram a força do futebol paulista. Vitória Calhau, que deixou o Atlético-MG, em maio deste ano, e foi contratada pelo time do Vale do Paraíba, sentiu a diferença entre o futebol mineiro e o paulista. “Lá em Minas são só três times que consideramos fortes”, ressaltou. “Aqui em São Paulo são vários e há mais visibilidade. Além disso, os campeonatos são mais difíceis e os clubes são mais estruturados”, comparou a zagueira.
“O clube São José tem uma estrutura muito boa, os treinos são bons, intensos, o time é fechado, unido, e poucos clubes femininos hoje têm isso”, destacou a atleta que recentemente foi vice-campeã da Copa Paulista.
Para ela, o futebol feminino vem em uma crescente significativa para quem joga e para quem apoia. “Mas ainda falta um pouco mais das marcas patrocinarem o futebol feminino igual fazem com o masculino. Além disso, seria interessante se todos os clubes femininos fizessem um contrato mais longo para as atletas terem uma estabilidade financeira e contratual mais longas”, finalizou.
Essas lesões de ligamento são muito tristes na carreira da um(a) atleta, espero que a Tainá possa se recuperar em breve para ser campeã em campo junto com as alvinegras da capital. Aqui no estado vale ressaltar o bicampeonato da Libertadores das Sereias que ganharam as primeiras edições do torneio.