Aniversariante do dia, Marta não esconde desejo de voltar ao Brasil

Ela é considerada a Rainha do futebol. Não à toa. Aos 35 anos, completados nesta sexta-feira, Marta coleciona feitos pela Seleção feminina e pelos clubes por onde passou – dentro e fora de campo. As seis vezes em que ela foi eleita a melhor do mundo são apenas um reflexo da capacidade da, também, maior artilheira da história da Seleção Brasileira (entre feminina e masculina).

Recordes e gols realmente combinam com Marta. Na Copa do Mundo de 2019, por exemplo, se tornou pessoa com o maior número de gols na competição mundial (mais uma vez, entre homens e mulheres). Em entrevista coletiva cedida nessa sexta-feira, Marta não escondeu o desejo de voltar a balançar as redes em solos brasileiros e, quem sabe, bater novas marcas em terras tupiniquins.

Atacante do Orlando Pride desde 2017, Marta assinou mais um ano de contrato com o time norte-americano, recentemente. Apesar de estar focada e, claro, querer bons resultados com a equipe, ela não descartou a possibilidade de voltar ao Brasil. “Óbvio que a gente sempre pensa: seria legal voltar a jogar no meu país. Sem dúvida seria”, ressaltou a recordista. “Não é algo que esta fora dos meu planos, mas tudo no tempo de Deus”.

Marta vê, com otimismo, a crescente do futebol feminino no Brasil. Para ela, a última Copa do Mundo, a maior dentre todas edições, teve um papel importante na forma como o país vê a modalidade. “Percebemos que temos condições de ter uma progressão muito maior no futebol feminino. Se a gente trabalhar de maneira correta e determinada, isso pode acontecer”, ressaltou a atleta. “É com muita alegria que a gente está acompanhando esse crescimento. Isso, sem dúvida, é um grande passo para que a gente continue progredindo e evoluindo.”.

Para ela, entretanto, o ‘povo’ é muito exigente e espera resultados da noite pro dia – o que Marta acredita não ser possível, no curto prazo. As cobranças da sociedade vem de outra forma, também, para a jogadora. Mas elas não incomodam a Rainha. Isso porque, esperam da alagoana um posicionamento em questões sociais – como a luta feminista e por igualdade.

Marta é dona de recordes na Seleção e referência para as novas jogadoras (Foto: Instagram @gazetaesportiva)

“A sociedade cobra muito da gente, porque estamos sempre em destaque pelo que fazemos, sempre na mídia. Não vejo isso como peso”, ressaltou Marta. “Sempre fui muito de seguir o meu instinto, meu propósito de vida, de acreditar, realmente, que nós seres humanos temos condições de desempenhar qualquer papel independente do gênero”.

A brasileira, que joga no Orlando Pride, recebe aproximadamente 1 milhão e 47 mil reais por ano. Neymar, por exemplo, no PSG, ganha cerca de 396 milhões de reais no mesmo período. 269 vezes mais. “Sempre que eu posso defender a questão da igualdade de pagamento, eu defendo, porque eu acredito que não só no futebol, mas em qualquer outra atividade, o ser humano tem que ser remunerado da maneira correta, por aquilo que desempenha. Isso é super importante”, destacou.

Dona de recordes na Seleção e referência para as novas jogadoras, Marta elogiou a postura de Pia Sundhage, técnica da Seleção, em suas convocações. Isso porque a técnica sueca não hesita em testar novas jogadoras e fazer convocações inéditas. “A Pia não quer saber se você é uma menina de 17 ou a Marta de 35 anos. Ela vê o seu potencial, enxerga aquilo que você pode agregar na equipe”, explica. “Em cima disso, ela trabalha para encontrar o melhor ajuste para te utilizar, dentro de campo e também fora dele, como uma liderança”.

“Ainda tenho condições de contribuir com o trabalho aqui na Seleção, pode ter esse contato com essas meninas novas, que estão chegando, e mostrar pra elas, de alguma forma, o caminho a seguir”, finalizou.

Que assim seja, Marta. Vida longa à Rainha

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