Uma questão que nos foi encaminhada: qual a forma das aulas de educação física escolar?

Encontramo-nos com uma mãe de aluno do ensino médio que, em função das leitura que faz do e no Blog, desejou saber quais as principais propostas da Educação Física Escolar que buscamos desenvolver. Para atender a esta primeira questão, a aula para todos, cremos ser interessante apresentar uma das possibilidades de atenção a todos/as alunos e alunas de uma mesma turma.

Vamos precisar de um pouco de imaginação dos leitores.

Temos um grupo de 40 alunos para o desenvolvimento das aulas de Educação Física e a todos devemos oferecer oportunidades individualizadas de aprendizagem e desenvolvimento de suas potencialidades. Vamos lá.

Oportunidades individualizadas significa ter desafios que podem e devem ser superados por todos os alunos de acordo com suas capacidades e compreensão da proposta.

Quando falamos em aprendizagem estamos nos referindo a toda e qualquer mudança de comportamento (motor, social, cognitivo, afetivo, etc..) que devem ocorrer em uma aula segundo a proposta discutida com os atores da aula.

Quando falamos em potencialidades devemos atender às condições individuais para o amplo e diversificado conjunto de atividades que poderão ser objeto de mediação (mediação e não cópia).

Por fim, cabe ao professor mobilizar seus educandos na direção de encontrarem soluções para os problemas que lhes são apresentados pelo mediador (professor).

Então, se a proposta é a de realizar, por exemplo, salto em altura (uma das possibilidades do atletismo) e nos deparamos com o desafio de um sarrafo a uma determinada altura do solo para ser ultrapassado pelos alunos mediante um salto (aqui não cabe discutir, inicialmente se rolo ventral, tesoura ou de costas – Fosbory Flop). A que altura do solo deverá estar o sarrafo para que todos os alunos tenham desafios e oportunidades concretas de sucesso e, ao mesmo tempo, sejam motivadoras de sua melhora gradual no salto (maiores alturas)?

No modelo do esporte institucionalizado (aquele mostrado nas competições esportivas) a altura é a mesma e a máxima para todos os saltadores ou saltadoras, correto? Sim, pensam nossos leitores e estão corretos enquanto esporte competição.

No entanto, para uma aula que atenda a todos os quesitos anteriormente apontados não é a forma adequada.

Agora, pensem num sarrafo colocado oblíquo ao solo e apoiado nas duas extremidades, uma a 20 cm do solo e a outra a 2,20 m do solo. Teremos a possibilidade de todas as alturas possíveis para o grupo de 40 alunos e todos, simultaneamente, serão desafiados em suas competências, possibilidades e desejos de sucesso. Sem comparações, eliminação dos menos hábeis e durante todo o tempo da atividade estarão vivenciando suas habilidades. Cabe ainda lembrar, que seria ótimo termos vários sarrafos em nossas aulas e não apenas um pois, devemos ampliar as possibilidades de realização de tarefas.

 

Daniel Carreira Filho

2 comentários

  1. Grata pela explicação.
    Consegui entender o seu ponto de vista em relação a educação física escolar.
    É um caminho a se percorrer, já que ainda se tem o conceito errado de Educação Física.
    Parabéns professor Daniel por fazer a diferença e lutar para que essa atividade escolar venha de encontro, não só para os que tenham habilidades mas para aqueles que tentam se adequar às atividades sem sucesso, os deixando sem motivação.
    Acredito que com essa maneira de conduzir as aulas os fará mais ativos, estimulados e aprenderão que todos terão seu espaço.
    Abraço.

  2. Sabemos que essa prática não se aplica somente a Educação física, mas em relação a todas as disciplinas.
    Saber entender os limites de cada indivíduo.
    Se temos um aluno de Matemática, que não consegue aprender como seu professor gostaria, o mesmo tem que ter a sabedoria para entender a respeitar a sua capacidade.
    Essa questão já vem falada e conversada por muitos educandos.
    Alguns docentes entendem as limitações dos seus alunos, e conseguem trabalhar isso.
    Fico feliz em poder abordar este assunto.
    Falamos tanto de inclusão.
    Mas infelizmente o que vemos é exclusão
    Quando digo isso, não me refiro apenas em uma quadra, e sim fora dela
    Com pequenas iniciativas, espero que estes assuntos abordados sejam modificados e que muitas crianças e adolescentes possam ser vistos, não pela sua capacidade , mas também pelas suas limitações.
    Entender que também faz parte do grupo.
    Abraço.

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