Uma passagem para meditar

Quando atuamos como docente junto a alunos e alunas do ensino médio concomitante no Campus Pirtuba do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo, não haviam recursos materiais disponíveis para o desenvolvimento de nossas aulas. Havia a dificuldade orçamentária que se aliava à concepção empobrecida sobre o componente curricular Educação Física.
Assim constatado, fomos em busca de materiais que pudessem servir ao aprendizado de diferentes possibildiades de práticas corporais. Graças à compreensão do gerente da loja da Decatlon – Alphaville – conquistamos 20 bolas que, por suas características construtivas, permitiam apresentar diferentes possibilidades (podíamos ter diferentes usos e níveis de exigências).
Como em qualquer grupo de discentes, tínhamos pessoas com habiildades distintas para cada proposta de aprendizagem que realizávamos, desde os mais habilidosos até aqueles que apresentavam elevada dificuldade para participar.
Pois bem, dividimos o grupo e váios sub-grupos, de acordo com o nível de habilidades que aprsentavam e a estes oferecíamos tarefas condizentes com o momento vivido. Almejando, sempre, o progresso de todos os grupos.

Tudo caminhava como o esperado até o momento em que levamos, para um dos grupos o material típico da aprendizagem desenvolvida.

Nesse momento, uma aluna, apenas uma, questionou a entrega do material apenas ao grupo mais habilidoso. Esta questionadora fazia parte de um grupo com grandes dificuldades com as habilidades propostas e as executava nas formas apresentadas ao seu grupo. Desejou participar do grupo que recebera o material, no conceito dela, apropriado à prática proposta.
Tentamos dialogar sobre a adequação às suas possibilidades. Não convencendo-a, foi ao grupo que apresentava a habilidade em nível elevado e tentou participar. Obviamente, não conquistava atuar no mesmo nível dos demais. Não foi excluída pelos demais, mas insistia em afirmar que eles não a desejavam no grupo. Por fim, após algum tempo de confirmação de suas dificuldades, voltou ao grupo originário. Não sem antes atribuir responsabilidade pelo seu nível de aprendizagem aos outros e ao professor.
Passados alguns dias, surge um grupo de discentes interessados em formar o Clube naquela habilidade. Ela se inscreve e participa cm regularidade e com aprimoramento de suas habilidades. Foi nessse momento que foi possível à discente compreender a importância de superar diferentes fases no aprendizado, respeitada suas dificuldades com a adoção de estratégias que lhe permitiam participar efetivamente das vivências. Ainda apresentava algumas dificuldades que foram, com o tempo vivido, superadas.
O que ficou claro para todos e todas. A aprendizagem ocorre e o aperfeiçoamento se faz presente quando as estratégias são diferenciadas e em atenção às características de cada participante, jamais a oferta se dará pela média da classe. Um equívoco presente em muitas das ações que são oferecidas aos aprendizes.

Daniel Carreira Filho

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