Querer bens nossos alunos e alunas

A aula possui fundamentação teórico-prática, científica e até de cunho quantitativo, baseado em dados: o/a aluno é um número. E quando o/a professor/a em formação se percebe dentro de uma problemática mais ampla do que o próprio campo ótico? E quando esse/a professor/a em formação identifica que seus/suas alunos/as possuem saberes diferentes dos seus?

Em consonância aos questionamentos prova-se que a realidade do/ a aluno/a adentra a aula e na atenção ou desatenção dos detalhes elas aparecem no dia-a-dia do processo formativo escolar: nas representações dos seus “se-movimentar” nas aulas de Educação Física na Educação Básica.

Mas “a esperança é a última a morrer”, assim deve ser com o ensinar Educação Física escolar e o estágio nos faz descobrir a veracidade dessa terminologia sem “desproblematizar” o contexto social; a realidade viva e árida da política; gestão e estrutura de cada escola, que, implica diretamente no/a aluno/a.

Alegrar-se mesmo diante do que se consegue criticamente constatar é não perder a esperança. “Ensinar exige alegria e esperança” (FREIRE, 96). E o aluno que se rebela negativamente ao processo de ensino e aprendizado nas aulas do ensino médio; a educanda do infantil V que propõe e elabora uma festa de confraternização de fim de ano com a sua turma e a outra turma; com todos os/as professores/as; com a direção; com os estagiários/as; com os/as bolsistas; com as terceirizadas da copa e da limpeza de uma unidade acadêmica?

Destarte a pergunta, “ensinar exige querer bem aos educandos” (FREIRE,96). A proposta de ensinar transcende qualquer barreira física dos dados quantitativos, transcende a barreira de passar conhecimento, transcende as (im)possibilidades dos corpos, transcende a limitações. A luta do cotidiano do/a professora/a se pauta na amorosidade, na alegria e na esperança, mas não apenas nesse campo, mas de uma maneira complexa: na busca pela compreensão e diálogo com o educando rebelde, como foi protagonizado pela professora preceptora. E na busca pelo estímulo da educanda do infantil V que foi idealizadora de uma festa integradora, com a aprovação da professora, dos/as demais e surpresa minha.

O querer bem aos educandos está em conexão permanente com a prática reflexiva crítica por meio de diálogos, de propostas pedagógicas consistentes na aprendizagem do/a educando/a, todas as vezes vivenciadas por mim ao participar do Programa Residência Pedagógica, essa no Ensino Médio, conscientes de temáticas contextualizadas de diferentes formas, em que, a professora, apelidada Liana de Jah, efetivou a troca de saberes, de alegrias e de esperanças em uma Educação Física, muitas vezes falha ao longo do percurso histórico de cada estudante participante das aulas.

É de se alegrar, é de não perder a esperança, é de querer bem aos/as educandos/as ao vivenciar e notar cada saber novo, cada luta destravada dessas barreiras e é de se querer estar professora de Educação Física escolar, sempre desejando transcendência sua e de seus/suas educandos/as.

Texto produzido pela aluna Emmanuelle Cynthia da Universidade Federal do Ceará, como parte de sua formação em estágios na Educação Básica.

Daniel Carreira Filho

Um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *