E depois dizem que a culpa é da Escola

Em recente noticiário veiculado em nossa capital (São Paulo) houve a comunicação/crítica quanto à recente decisão municipal em reduzir (drasticamente) os recursos da Secretaria Municipal e Esporte e Lazer.

Antes que sejamos indagados sobre a coerência de discutir este tema no espaço reservado aos debates sobre a Educação Física Escolar, desejamos esclarecer que a através da apropriação de conhecimentos mediados pela disciplina escolar Educação Física, muito especialmente no ensino médio, é possível propiciar o desenvolvimento de análises críticas sobre as questões do Esporte, Lazer e suas relações com a vida após a escolarização formal.

Nossos alunos, para muito além das práticas da cultura corporal de movimento, discutem, buscam conhecimentos complementares, associam fatos vividos em suas realidades, interpretam decisões dos gestores municipais e as consequências em suas vidas. Alguns exemplos: discutimos com nossos alunos as questões das determinações do esporte institucionalizado em suas vidas e aulas  onde contamos com uma única quadra demarcada no espaço de aula em lugar de abrir as possibilidades para múltiplas participações (apontadas no texto anterior); associar a prática de malabarismo (com bolinhas de tênis de campo) com a realidade de alguns seres humanos que vivem nos cruzamentos vivendo desta apresentação pública; desconstruir as regras das modalidades de forma a promover a “transformação didática pedagógica” que atenda e respeite a diversidade entre os alunos, sujeitos das práticas.

Os jovens, que puderem ampliar seus saberes para muito além da prática pela prática, das práticas com fins esportivos competitivos (muito desejado por alguns gestores pouco conscientes de suas responsabilidades educacionais) poderão ser cidadãos e cidadãs com olhares renovados sobre o significado destas pobres (há décadas) políticas públicas para e no setor do Esporte e Lazer para além dos muros da Escola.

Daniel Carreira Filho

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