Criança, nossas crianças

Iniciando a leitura do livro de Mary Del Priore, “A história da criança no Brasil”, encontro logo de princípio, afirmações do rebuscar histórico que, infelizmente, confirmam que, mesmo estando no século XXI, assistimos, convivemos e alguns sofrem com a dura realidade que a autora claramente expressa em seu documento. O texto “apresentação” é concluído com uma frase que muito representa o momento vivido por nossa sociedade em relação às nossas crianças.

[…] “parece-nos evidente que querer conhecer mais sobre a trajetória histórica dos comportamentos, das formas de ser e de pensar das nossas crianças, é também uma forma de amá-las todas, indistintamente melhor”.

Estamos nós, todos nós, nos apropriando de olhares atentos para a identificação, interpretação, atenção e carinho necessários à vida das crianças? A escola, aquela que as congrega como ponto de partida para a formação para a vida adulta, é também reconhecedora destas crianças como tal? Ou como ainda vemos e ouvimos de seres humanos adultos que “trabalhar desde cedo, muito antes da idade que o ECA assim o entende e defende, é meio eficiente e eficaz da formação adequada da cidadã e do cidadão”. Eu, caro leitor, não pactuo deste olhar desinteressado sobre a criança e preocupado com o rendimento do trabalho, ainda que infantil. O menino de rua que substituiu o menino da rua, como nos coloca Mary Del Priore. Hoje, temos mais meninos de rua cujos sonhos não mais existem, muito menos perspectivas de uma vida melhor para todas.

Daniel Carreira Filho

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