Comentário sobre o esporte e a escola

 

 

Tivemos a oportunidade de ler um comentário elaborado por uma conceituada revista nacional sobre a questão da importância do esporte na vida das crianças e, uma vez mais, o importante não é a pessoa e sim o que se conquistará dela. A matéria fala sobre o envolvimento de uma criança de 10 anos de idade que, logo pela manhã é levado pela família para “treinar natação”, todos os dias, incluindo os finais de semana e feriados, em piscina de céu aberto mesmo no inverno.

A família busca formar um esportista, oferecer a ele condições de ser um aluno em uma universidade americana que, supostamente, dará apoio ao futuro atleta, um atleta Olímpico.

`Meus pais falam muito comigo. Dizem que, se eu me esforçar muito, vou conseguir uma bolsa de estudos lá nos Estados Unidos. É um sonho deles e meu`, diz a atleta mirim, que trocou o jiu-jitsu pela natação porque o primeiro não lhe garantiria chances de estudar fora por ainda não ser uma modalidade olímpica e disputada na liga universitária americana.

Assim vamos, construindo caminhos que não são para todos. O esporte, e no caso desta matéria, é um caminho para outros objetivos que nem sempre são efetivamente amparados. Esta lógica, defendida por profissionais da área do esporte, fez surgir o abandono dos menos hábeis, fortalece a escolha por motivos não afetivos e sim de sucesso em outras áreas do desenvolvimento humano. Ainda bem que, neste caso, a matéria estava dirigida ao esporte e não à escola. A escola de qualidade transformou-se em objetivo mediado pelo esporte ou pela qualidade motora dos alunos.

Mais uma vez a decisão não é pelo humano livre para escolher. Faz-se dele um objetivo de conquistas distintas. Seria esta a função da Educação Física Escolar? E, novamente, os outros?

Daniel Carreira Filho

2 comentários

  1. É triste, muito triste saber que ainda existam pais que “obrigam” seu filhos a serem o que, muitas vezes, não querem ser.
    Interessante que muitos desses pais possuem boa formação escolar e educacional, mas pecam na hora de ligar com as pessoas, sendo filhos ou não.
    Apesar de crítica, preciso admitir que não será fácil mudar o panorama. De uma lado, os pais e seus sonhos, do outro, universidades utilizando esporte competitivo como propaganda. A guerra é brava!

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