Um encontro de desencontros

Em um encontro com pessoas interessadas em políticas públicas, mais especificamente para a Educação Básica Nacional, manifestamo-nos quanto aos componentes curriculares que são, deliberadamente, desvalorizados enquanto componentes que não agregam valores para o envolvimento dos alunos e das alunas com o mercado de trabalho (falávamos de Artes, Sociologia e Filosofia). Quando passamos a tentar dialogar sobre a Educação Física, provocando nossos interlocutores na direção de compreenderem os significados desse componente curricular, antes mesmo que pudéssemos iniciar nossa argumentação alguns deles iniciaram por um desfilar de esportes que deveriam estar na escola. A maior parte dos interlocutores, alguns mais entusiasmados, propunham que as Artes Marciais deveriam ser obrigatórias nas escolas em substituição a todas as demais atividades possíveis no seio da escola. Alguns chegaram a verbalizar que seria melhor esta atitude do que o costumeiro “rola bola” entre os meninos e a “queimada” entre as meninas. As Artes Marciais, segundo seus defensores, ensinam a disciplina, o respeito, a perseverança. Apresentam uma filosofia de vida. Adotam fundamentos oriundos da sociologia. Criaram a base para o desenvolvimento de seus povos – em suas origens.

Pois bem, a conversa inicial era exatamente sobre a ausência da Sociologia, Filosofia e Arte nas escolas como resultado de projeto de formação para o trabalho. A seguir, defende-se as artes marciais por terem uma filosofia, serem fundadas em preceitos sociológicos e serem, antes de tudo Artes corporais humanas.

Sai do encontro com algumas dúvidas. Saberiam os meus interlocutores o significado para os seus filhos se, de fato, houvesse a supressão desses componentes curriculares na formação humana? Educação Física já foi sobejamente confundida com esporte performance dos mais habilidosos. Ainda terei a oportunidade de voltar ao grupo e promover novas provocações. Há muito que dialogar sobre o tema. No entanto, estão sendo devidamente preparados os docentes para mediarem tais conhecimentos em suas atividades docentes? Temos dúvida. E você?

 

Daniel Carreira Filho

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