Posição mais ingrata no futebol é a de goleiro. Como diria, nos anos de 1950, Don José Cavaca, “o goleiro é um desgraçado. Nem onde ele pisa a grama nasce”. Não é fácil ser o último reduto defensivo. Todo mundo pode falhar, menos ele. Aguentar a pressão não é para qualquer um. Até mesmo o tranquilo Cássio perdeu a paciência. Revoltou-se ao sentir-se responsável por tudo de ruim e jogou a toalha. Acabou deixando o Corinthians e se mandou para o Cruzeiro, com toda uma crise entalada na garganta. É óbvio que a culpa não era só dele. Após a saída polêmica, o Timão continuou sendo saco de pancadas.
Aí, então, Carlos Miguel ficou soberano no arranjo da equipe. Fez um ótimo papel. E veio uma proposta da bola inglesa para atuar na Premier Liga. O grandalhão, de 2 metros e 4 centímetros virou as costas para o clube e se mandou. O pepino caiu nas mãos de Matheus Donelli, garoto de 22 anos apenas. Menino assumiu a bronca com personalidade e segurou a onda como homem. Se deixarem, Donelli vai ficar décadas no gol alvinegro, como nos tempo de Ronaldo Giovanelli, um dos grandes da posição em toda a história corintiana.
Cabe ainda falar de Jandrei. Reserva de Rafael (na seleção brasileira disputando a Copa América), virou sinônimo de “chama gol”, “mão de alface”, “mão de pedra” e outros apelidos pejorativos, tendo um mau começo no Tricolor. Tomar quatro gols do Vasco da Gama em São Januário pegou mal para caramba. Mas ele teve culpa? Não, claro que não. Talvez tenha falhado no terceiro gol adversário. Garoto vascaíno chutou sem ângulo, em cima do dito cujo, que ajoelhou no lance. Bola entrou por cima. Infelicidade total. A sina do goleiro é essa mesmo: quando as coisas dão certo, brilham os artilheiros; caso contrário, sobra para aquele que onde pisa a grama não nasce.
E tenho dito!