
Uma goleada incontestável. A Croácia mandou 3 a 0 em cima da Argentina, nesta quinta-feira, em Nizhny Novgorod. Resultado deixou a seleção portenha em péssima situação no Grupo D. Os hermanos correm sim o risco de serem eliminados na fase classificatória da Copa da Rússia. Beric abriu o placar em falha medonha do goleiro Caballero,. Depois Modric (golaço aliás) e Rakitic garantiram a presença croata nas Oitavas de Final da competição. Messi foi uma figura inerte, longe daquele craque do Barcelona, eleito cinco vezes o melhor do mundo pela Fifa. Um fracasso. Para alguns a tal da “tragédia anunciada”.
Ver o rosto de decepção e tristeza dos falastrões argentinos alimentou o meu lado sádico. Não tenho vergonha de admitir. No entanto, assistir o drama alheio ao lado do meu amigo e companheiro de TV Gazeta, Celso Cardoso, despertou meu lado “Paizão”. Não tenho vergonha de admitir. É admirador do futebol desses caras (eu não), torcedor do Boca Juniors (para mim só existe o Corinthians), todas férias se manda para Buenos Aires (prefiro Ubatuba), fala e escreve espanhol como se tivesse nascido por lá (falo portunhol e me dou por feliz!). Dono de uma invejável coleção de camisas do rival, guarda fotos de Maradona em todos cômodos da casa, sem falar da carteirinha de sócio torcedor do Boca.
Imaginem o sofrimento desse rapaz diante do vexame de seus “heróis”. Nos mais profundos sonhos pueris de uma infância vivida em Ribeirão Preto (sonhava jogar como Di Stefano ou ser um “matador” igual a Caniggia) fantasiava na maionese. No gol de Beric, se aproveitando do erro de Caballero, os olhos marejaram. Ele tentou esconder. Colocou até óculos escuros e fingiu digitar algum texto no computador. O golaço de Modric, então, o fez chorar. Disfarçou com um lenço; “Nossa, acho que peguei uma bela gripe”, sempre educado e elegante. O desespero bateu de vez quando Rakitic sepultou o adversário em um dos resultados mais negativos de uma escola de futebol tradicional sul americana, pautada no toque de bola, no estilo clássico e na porrada quando se vê em apuros.
“Estou desconsolado”, deixou escapar em meus ouvidos, com voz trêmula e rouca. Coloquei a mão esquerda no ombro direito dele e consolei o parceiro de 29 anos de trabalho. “Calma. Deixe uma última lágrima para depois. Ainda temos o Brasil de Neymar para engolir”. Desanimado, cabisbaixo, sorriu e assinou embaixo. “Confio na justiça dos deuses da bola”, desabafou, com uma pontinha de ódio no “espinado corazòn”.
Triste.
E tenho dito!