Rogério Ceni desperta espírito coletivo no Tricolor…

(Foto: Fernando Dantas/ Gazeta Press)

Sou da época do combate à ditadura militar. A gente ia para rua e gritava: “O povo unido, jamais será vencido”. O tempo passou, os generais vestiram pijama, veio a Democracia e, bem ou mal, prevaleceu o estado de direito no Brasil, também graças à participação popular. O que serve para a política, curiosamente, também se estende para qualquer atividade humana. Por exemplo, “um time unido, dificilmente será vencido”, e acrescento, “pode surpreender”. É o caso do São Paulo, com Rogério Ceni como técnico, sem nunca ter sido um profissional da área antes dessa oportunidade.

A vitória contra o Santos, por 3 a 1, em plena Vila Belmiro, marcou sem dúvida. Porém, o entorno do resultado evidenciou coisas mais importantes. Durante o jogo, ao sofrer o primeiro gol, o time inteiro do Tricolor olhou para o banco de reservas. Presumo para sentir a reação do treinador. Ceni, tranquilo, suando muito, concentradíssimo, estava uma rocha. Não se abalou, não deu bronca em ninguém, apenas orientou. Com sangue fervendo devido ao calor da partida, atletas ouviram e seguiram as palavras do ex-capitão.

Veio o gol de empate e o tal Cueva correu para o lado de Ceni. No intervalo, o agora treinador abraçou o baixinho peruano, deu-lhe uns beijos na cabeça suada, no que foi correspondido com forte abraço. Câmeras da TV registraram tudo. Melhor ainda: a memória coletiva dos companheiros de Cueva também. Agindo dessa forma, Rogério além de dizer “Poxa, obrigado!” com humildade, deixou claro estar no mesmo barco de todos. E quando a chama coletiva de um grupo acende, fica difícil segurar.

O Santos, desfalcado é correto, levou um baile do São Paulo. Depois do sucesso, Ceni cumprimentou efusivamente jogador por jogador, estendeu o aperto de mão para roupeiros, massagistas, integrantes da comissão técnica, médicos e dirigentes. Ou seja, Ceni uniu um elenco inteiro e chamou para si a liderança do grupo. Essa leitura, amigos e inimigos, é apenas visual. Não estou lá no dia a dia do clube. Mas certas coisas são tão evidentes, claras, óbvias. “O futuro a Deus pertence”, dizia minha avó para nos consolar, nas horas boas e más. No entanto, o presente são-paulino só pode ser otimista graças ao bom trabalho do técnico Rogério Ceni.

E tenho dito!