As novas regras de 2021 na Fórmula 1: o futuro já começou

Foto: Divulgação

“O futuro já começou” é aquela famosa frase que os brasileiros já se acostumaram a ouvir naquela vinheta de final de ano. Mas, no caso da F1, de fato este novo capítulo começou nesta semana com o anúncio do novo pacote de regras de 2021.

A mudança de regras não chega a ser novidade, tanto que em 2014 a nova era turbo, com motores híbridos, trouxe o domínio da Mercedes encerrando a fase de conquistas da Red Bull. Mas agora, a luta não é apenas para mexer em partes técnicas do carro e sim para garantir o futuro da F1 e salvá-la de uma potencial perda de relevância.

Isso porque o apelo aos mais jovens e a novos mercados, como o próprio norte-americano (não por acaso, o anúncio coincidiu com o GP dos EUA em Austin), é uma das grandes justificativas para mexer em algo sensível na F1: o bolso.

Sejamos francos: é natural a concentração de riqueza neste esporte. Como é muito caro, as equipes investem milhões para desenvolver o carro. As que gastam mais tem mais performance, geram mais retorno de mídia, ganham mais patrocinadores e, por fim, mais premiação em dinheiro ao final da temporada.

Este efeito bola de neve aumenta a distância das equipes grandes para as menores e cria a tal F1 A (com Mercedes, Ferrari e Red Bull) e a turma “do resto do pelotão”, com as outras sete equipes. O novo teto orçamentário não vai influenciar os custos de times como Williams e Haas, mas coloca um limite nas três maiores.

A inspiração vem de esportes norte-americanos, de onde vem, por sinal, a nova dona da F1, Liberty Media. Esta divisão mais justa traz mais torcedores – e logo, mais lucros para todos os envolvidos. A prática de teto orçamentário é comum em ligas nos EUA, que inclusive ajudam os times menores a terem a chance de pegar os talentos nos “drafts”.

Na F1, isso até é comum: Michael Schumacher começou na Jordan, Ayrton Senna na Toleman, Sebastian Vettel na Toro Rosso. Mas a categoria também quer estimular a presença de jovens talentos garantindo que eles participem de pelo menos duas sessões de treinos livres na sexta-feira – neste ano, apenas 2 novatos andaram (pelo regulamento novo, no mínimo teríamos visto 10 pilotos novos tendo uma primeira chance. Todo ano!).

Na parte desportiva, não houve a aprovação de ideias ousadas como grid invertido, que, segundo especialistas, tiram a essência da F1. Criar artificialidades contra esta essência pode mesmo ser um problema maior ao invés de uma solução. Por isso, a novidade veio mesmo na parte técnica, cuja aerodinâmica vai permitir mais disputas na pista.

Será que o novo pacote vai funcionar? Difícil dizer até ver os carros de 2021 disputando um GP. Mas é ótimo ver que a F1 já percebeu que teria mesmo que iniciar seu futuro. E melhor, deixando ainda intacto seu DNA de mais importante competição do automobilismo mundial.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *