No jogo do último sábado, 21/09, entre Fluminense e Botafogo, o VAR foi omisso ao não recomendar revisão para aplicação de CV a Marcelo, do Fluminense, por ter pisado deliberadamente em Matheus Martins, do Botafogo, inclusive quando a bola já estava fora de disputa, caracterizando, para quem sabe a regra e sua essência, conduta violenta. Não obstante e apenas para respeitar opiniões contrárias, a ação de Marcelo teria sido, no mínimo, de assumir risco de lesionar o adversário, pois ao olhar para ele, Marcelo sabia sua posição e, assim, deveria evitar o arriscado contato das travas de sua chuteira com o abdômen do adversário.
É bom dizer que não procede a alegação de que Marcelo tirou o peso do contato, sobretudo porque o corpo de Marcelo estava no ar. Essa sonhadora lógica, que tem conduzido a arbitragem a viver menos de fatos e mais de imaginárias percepções subjetivas, ao contrário do que se imagina, no caso, mais revelaria a responsabilidade de Marcelo, pois, ao aliviar seu peso, estaria demonstrado que viu o adversário e não evitou o pisão. Esta ação do jogador do Fluminense, tenha sido deliberada ou por assumir risco, exige de Marcelo profunda reflexão, para não manchar sua boa imagem. A propósito, além deste lance, todos nos lembramos do “acidente” entre Marcelo e Luciano Sánchez, do Argentino Juniors, que fez o mundo do futebol se arrepiar.
Mas neste jogo, além deste lance, ainda houve a ação de um defensor do Botafogo que elevou seu cotovelo acima do nível do ombro, em posição claramente antinatural para quem está correndo e atingiu o rosto de um atacante do Fluminense, caracterizando pênalti, que não foi marcado nem revisado. Este contato faltoso merecia, no mínimo, à falta de imagem mais elucidativa, Cartão Amarelo.
Erraram em ambos os lances, portanto, os competentes Wilton Sampaio, que, ao tirar sua visão do confronto de Marcelo com Matheus Martins, depois que a bola foi jogada, adotou uma técnica de arbitragem deficiente, o que não se admite para um árbitro da sua qualidade e experiência, e o próprio VAR, Rodrigo D’Alonso, ao não recomendar as revisões para CV no primeiro lance, bem assim, para o referido tiro penal e, possivelmente, também para CV, no segundo incidente. Que pena!.
Já no jogo do domingo entre Vasco e Palmeiras, o VAR, Gilberto Castro, salvou Rafael Klein, ao recomendar revisão para análise de uma infração de mão a favor do Vasco, marcada fora da área, quando o fato da suposta mão ocorreu dentro da área, o que justificou a atuação do VAR. Apesar de Rafael Klein ter sido salvo neste lance, faltou-lhe sensibilidade ao dar CA a Vegetti, por conta de uma simples reclamação, somente porque Vegetti não era o capitão de sua equipe. Este CA foi dado com base em uma norma que, além de desnecessária, vem sendo muito mal interpretada e aplicada, como já dissemos em coluna anterior sobre o tema.
É bom lembrar, a propósito, que lances complexos como este exigem dos árbitros sensibilidade para explicarem aos jogadores, sejam ou não os capitães, o porquê de algumas de suas decisões, o que facilita o controle do jogo e não retira a autoridade do árbitro. Quando há excesso, a situação se modifica. Mas a falta de maturidade de Rafael Klein não ficou só nisso. Ele ainda cometeu um erro grosseiríssimo ao marcar um impedimento vencido, quando o Vasco levava uma vantagem muito clara e muito significativa e em que o jogador que tinha a posse da bola estava completamente livre.
Neste lance, o assistente Michael Stanislau também errou solenemente ao levantar sua bandeira, pois a importância e clareza da vantagem não só recomendava como o obrigava a manter a bandeira baixa. Quem disse que assistentes que sabem a regra e que não querem prejudicar a dinâmica do jogo não concedem vantagem?! O resumo de tudo é que nossa arbitragem, além de não atravessar uma fase positiva, também neste particular de impedimentos vencidos vem ferindo com larga frequência e inaceitavelmente a regra de ouro do futebol: a vantagem.