A nova orientação sobre o direito dos capitães das equipes abordarem o árbitro, além de ter sido desnecessária, está sendo muito mal aplicada, ao menos aqui no Brasil. Com efeito, qualquer árbitro de bom senso sabe que alguns lances, em razão da complexidade e também da lamentável realidade de os jogadores não saberem as regras, precisam e devem ser rapidamente explicados aos jogadores, especialmente aos envolvidos na jogada e, pois, independentemente de serem os capitães.
Isso facilita o controle do jogo e não retira a autoridade dos árbitros, que, mesmo antes dessa norma, já tinham o amparo da regra 5 – O Árbitro, para punir os excessos. Pois bem, o que era uma estratégia, uma boa estratégia de arbitragem e que cumpria a essência do jogo, passou a ser uma obrigação e, o que é pior, com os capitães atuando, cá por nossas bandas, como “feitores” ou “censores” dos árbitros, exigindo-lhes explicações a toda hora e de modo não raramente grosseiro.
Essa distorcida interpretação da norma decorre justamente de sua desnecessidade. De fato, pois os árbitros, agora, estão levando a ferro e fogo a diretriz e, portanto, ou sujeitando-se aos arroubos dos capitães, ou agindo como carrascos dos demais jogadores que se arvorem a dirigir-lhes a palavra, ainda que educadamente. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. O que deve prevalecer é o bom-senso, independentemente de ser ou não capitão o jogador que se dirija ao árbitro.
O resumo de tudo é que, se uma boa e devida norma possibilita interpretação equivocada, uma norma desnecessária, mais ainda. O certo, porém, é que esse desvio de conduta de nossos árbitros, tanto submetendo-se aos excessos dos capitães, como agindo com rigor desmedido em relação aos demais jogadores, além de não atender à finalidade da regra raiz e até dessa própria norma, decorre da absoluta ausência de diretriz equilibrada da Comissao de Arbitragem da CBF, como tem ocorrido nas demais valências da atividade, cujos árbitros estão amedrontados e, pois, sem saber como agir.