Futebol não é MMA; não é arte marcial

Foto: Divulgação/Bahia

Lance polêmico da Série B – 31ª Rodada

Bahia x Operário-PR – 24/09/2022

Expulsão Hugo Rodallega, do Bahia

A expulsão de Hugo Rodallega, por prática de jogo brusco grave, foi correta. Com efeito, a ação do jogador do Bahia foi claramente dissociada da possibilidade de disputar a bola; o contato com o adversário foi com as travas da chuteira e com alta intensidade, caracterizando, de tal sorte, não apenas o ato de assumir o risco de lesão, que já é o bastante para justificar um Cartão Vermelho, mas a clara intenção de lesionar o oponente.

Esta não é a primeira vez em que analisamos os lances da espécie e questionamos o porquê de jogadores profissionais praticarem tais ações, que ferem o mais comezinho princípio ético e possibilitam a infeliz impressão de que futebol pode ser confundido com MMA, arte marcial.

A propósito, remetemos o leitor às nossas colunas publicadas aqui na própria Gazeta Esportiva, em 12/08 e 09/09/2022, nas quais analisamos outras expulsões por motivos semelhantes e indagamos as possíveis causas de os jogadores de futebol praticarem ações de violência contra companheiros de profissão e opinamos que os dirigentes de futebol devem enfrentar esse grave problema com objetivo de alterar essa infeliz mentalidade.

Embora nas referidas oportunidades tenhamos oferecido uma larga relação das possíveis causas para tão grave problema, ainda julgamos oportuno agregar a indagação do renomado e muito lúcido articulista do site E. C. Bahia, Senhor Djalma Gomes, que pergunta: “será que os jogadores que assim agem se esquecem que os jogadores atingidos são seres humano iguais a eles?”. Pois é, tais práticas são tão injustificáveis que o questionamento de

Djalma não poderia ficar sem o devido registro e sem se somar às nossas indagações.

Para finalizar este ponto, ainda observamos que a falta cometida por Rodallega, ao lado da lesionar o goleiro do Operário; de ter provocado sua expulsão; de ocasionar, no mínimo, sua a suspensão automática; ainda impossibilitou o Bahia de cobrar o arremesso lateral e de tentar marcar o gol da vitória ao “apagar das luzes”, como já da tradição do Esquadrão de Aço. Desastre de ponta a ponta!

Ao Bahia, portanto, cumpre o dever de enfrentar o problema institucionalmente, de modo a evitar que ações da espécie se repitam.

De outro lado, embora a decisão final de Marcelo de Lima Henrique expulsando Rodallega haja sido correta, é oportuno que analisemos a forma como o Cartão Vermelho foi aplicado.

É que De Lima, como Marcelo é conhecido no meio da arbitragem, inicialmente puniu Rodallega com Cartão Amarelo, mas, em seguida, mudou para Cartão Vermelho.

Diante disso é de se perguntar? Teria Marcelo acolhido a opinião de um árbitro assistente ou mesmo do 4º árbitro? Se assim foi, que bom, porquanto teria havido um ótimo trabalho de equipe, apesar de, em casos que tal, o mais correto seja o árbitro consultar seus pares antes de decidir.

Todavia, se este não foi o caso, ou seja, se Marcelo mudou o cartão de Amarelo para Vermelho ao perceber o estrago da falta, apesar do acerto da decisão, que é o mais importante, não teria adotado a técnica mais adequada, pois o mais prudente é o árbitro, quando não tem segurança do que ocorreu, fazer primeiramente a análise da situação e depois aplicar o cartão correto, sem, pois, precisar fazer mudança.

As conjecturas acima são as únicas hipóteses possíveis para o caso, já que a observação que Paulo César de Oliveira fez na Central do Apito, no sentido de que a mudança do cartão de Amarelo para Vermelho seria porque Marcelo teria ouvido o VAR dizer: “checando o lance para possível Cartão Vermelho” é que não se justifica absolutamente. De fato, pois se Marcelo mudasse o cartão por tal motivo teria ferido o Protocolo do VAR, tanto porque em todos os lances de faltas fortes o VAR natural e automaticamente faz as checagens, como porque se as coisas tivessem passado como Paulo Cesar opinou, Marcelo, ao lado de ferir o protocolo, como dito, teria sido precipitado e assumido um risco elevado, pois se o VAR, após a checagem, entendesse que não seria para CV, o cartão poderia ser trocado mais uma vez e isso seria muito confuso e provocaria problemas para o controle do jogo.

Como se não bastasse, ainda é indispensável dizer que se Marcelo tivesse agido com base em informação do VAR, teria, obrigatoriamente, que fazer o sinal de revisão teria, pois a omissão colocaria em dúvida a integridade do processo.

Ao leitor, a palavra final.

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