Jô e Gabigol – Expulsões corretas

Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Série-A – Lances polêmicos – 25ª rodada – 04/09/22

As expulsões de João Alves Silva (Jô), do Ceará, aos 44min. do 1ºT com CV direto e de Gabriel Barbosa Almeida (Gabigol), do Flamengo, por 2º CA, foram corretas.

As expulsões, todavia, exigem análise mais aprofundada do que o simples certo ou errado.

A atitude de Jô foi inconcebível, considerando sua experiência, ainda que tenha havido erro de arbitragem. Com efeito, um erro não justifica outro, em especial com tanta desproporcionalidade.

Como se não bastasse, ainda deve ser considerado que o erro da arbitragem, apesar de sua clareza, não traria prejuízo tático elevado para o Ceará. De fato, pois a infração de mão não impediu, sequer, um ataque promissor do Ceará e se o Flamengo marcasse um gol ou sofresse um tiro penal o VAR atuaria. Nada, pois, justificaria a ação de Jô.

Do lado do Flamengo, com igual destempero agiu Gabigol.

A habitualidade com que Gabigol e outros jogadores de nosso futebol reclamam da arbitragem dá impressão de que lhes é assegurado um privilégio, um direito especial.

O direito de Gabigol cobrar a falta rapidamente não pode superar os limites da disciplina, sobretudo porque o árbitro atuou prontamente.

Nossa análise, todavia, até em razão da finalidade de ajudar a arbitragem brasileira a evoluir, deve abranger a atuação de Paulo Zanovelli durante toda a partida.

Antes de tudo, porém, é preciso ressalvar que a muito promissora carreira de Zanovelli não pode sofrer qualquer solução de continuidade por conta de sua atuação nesse jogo, apesar de a

infração de mão cometida por Vidal, de tão clara e descortinada, não devesse passar despercebida.

A condução da partida, como um todo, não foi com a habitual eficiência de Zanovelli.

Com efeito, já no primeiro tempo, Marinho, do Flamengo, chutou a bola para longe após duas marcações suas e Zanovelli não adotou nenhuma providência. Se, para ele, não se tratou de atos que justificassem punição dom Cartão Amarelo, no mínimo, especialmente na segunda oportunidade, uma advertência verbal era indispensável.

Fato semelhante ocorreu com o próprio Jô, que cometeu duas faltas seguidas e deliberadas um pouco antes de ser expulso, mas que não foi alvo de qualquer ação do árbitro.

Ocorrências dessa natureza, quando não reprimidas, elevam a temperatura do jogo, irritam os jogadores e lhes dão a impressão de que o árbitro é permissivo.

A importância do controle do jogo, envolvendo tanto este como outros diversos aspectos, já foi abordada por nós em colunas antecedentes, mas que, ao que tudo indica, ou a Comissão de Arbitragem da CBF não considera importante tal faceta ou não está se comunicando adequadamente com os árbitros.

Recorde-se, por fim, que o inspetor de arbitragem, que tem acesso ao campo e ao vestiário do árbitro, se houve nesse jogo, deveria ter orientado Zanovelli no intervalo, para atuar com mais firmeza na 2ª etapa, de modo a evitar que a impressão de permissividade fosse consolidada. Quem sabe, se Jô já tivesse sido advertido, talvez controlasse seu impulso.

Ao leitor, a palavra final. 

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