Levante a mão alguém aí que souber por que a Seleção está metida na geladeira de Turim uma semana antes de estrear na Copa do Mundo disputada no forno de Catar.

Não bastasse o escasso tempo de treinamento antes do maior evento futebolístico do planeta, ainda por cima isso? Que benefício tem o nosso time nessas circunstâncias?

Nem mesmo um joguinho treino contra uma dessas seleções desclassificadas para o Mundial, a exemplo do que fizeram nesta quarta Argentina e Alemanha, para afiar um pouco o conjunto; ou mesmo para experimentar este ou aquele recém-convocado.

A melhor resposta parece ser aquele mantra repetido pelo detetive dos romances policiais à cata do criminoso: siga o dinheiro.

Sou de um tempo em que a Seleção Brasileira, às vésperas de um torneio internacional, reunia-se pelo menos por um mês antes numa de nossas estâncias climáticas, tipo Araxá. Isso, quando não excedia, como em 1974, quando ficamos quarenta e cinco dias na Floresta Negra antes da Copa da Alemanha, embora nesse caso, o desperdício tenha sido absurdo, devido ao frio e às contusões de alguns titulares que impediram um treinamento adequado.

Mas, se para nosso time esse retiro longo pouco valeu, pra mim foi muito valioso o convívio com Leônidas da Silva, o Diamante Negro, artilheiro da Copa de 38, então, comentarista da Jovem Pan na equipe de Osmar Santos. Longos papos nas silenciosas tardes da Floresta Negra, onde nos sentávamos num banco de madeira espiando o céu azul sendo cortado pelo rastro branco dos jatos da Otan, deixando no ar o espectro da Terceira Guerra Mundial que nunca chegou

Restos de memórias, pois agora é assim: vapt-vupt. eis a Copa na mesa. E que seja lá quem a tomar, por exercício da competência ou por mera sorte.