Enquanto o Corinthians sofria em Itaquera pra se classificar às semifinais do Paulistinha diante do Guarani nos pênaltis, a Seleção, já mais do que classificada para a Copa do Mundo, deslizava no Maracanã aplicando uma goleada de 4 a 0 sobre o Chile.

Mas, o que Corinthians e Seleção tiveram em comum nesta noite de quinta-feira, já que os resultados foram tão díspares?

Respondo: o modelo de jogo adotado por ambos – um futebol de marcação avançada, troca de passes e investidas, sobretudo, pelas extremidades do campo. Ah, sim, e nenhum deles tinha um centroavante genuíno, desses nascidos e crescidos na grande área.

O Timão, porém, não conseguiu ir além de um modesto 1 a 1, gols de Gil, de cabeça, e de João Vítor, justamente por carecer de um camisa 9 de fato. Mas, a Seleção, com Neymar mais ou menos posicionado por ali, disparou logo 2 a 0 no finzinho do primeiro tempo. Começou com Neymar convertendo pênalti que ele mesmo sofrera e terminou com Vini Jr. em seguida, aproveitando passe exato de Antony.

Por falar em Antony, o ponterinho direito mas canhoto, foi a graça desse jogo com seus dribles e penetrações inesperadas. Numa delas, sofreu pênalti, aos 25 da etapa final, que Coutinho – olhe ele aí de volta! – mandou às redes.

Por fim, Richarlison, que entrara justamente no lugar de Antony fechou o placar com um tiro venenoso de canhota no cantinho de Bravo.

Foi, pois, animador ver que Tite está disposto a arriscar um estilo de jogo mais leve e ofensivo nessa Seleção que paira muito acima das demais do continente mas, de costume, não arranca suspiros do torcedor pelo seu pragmatismo cinzento.

Sei bem que isso ocorre num momento de respiro da nossa Seleção, um último instante para Tite fazer experiências antes da Copa. Mas, quem sabe, né?

Quanto ao Timão, agora, terá de encarar o Tricolor, que vem de vitória folgada no Paulistinha.

Em clássicos como esse, porém, o melhor é fechar a gaveta onde dormitam os prognósticos, esticar as pernas e esperar pelo que aí virá.