Muito prazer, Mengão

Foto: Alexandre Vidal

Ah, que prazer assistir ao Flamengo jogar… Até parece que joga numa dimensão paralela do futebol praticado no Brasil há décadas, como se mergulhasse no tempo e resgatasse aquele estilo bem brasileiro deixado à margem da realidade por um bando de medrosos sem imaginação que elegeram o simples resultado como rei dos gramados.

Fruto da presença de Renato Gaúcho a beira do campo? Não e sim. Não, porque todos nós vimos e nos encantamos com o Mengo de Jorge Jesus, há dois anos, com esse mesmo grupo de jogadores, hoje desfalcado de seu meia insubstituível – Gérson. E, sim, porque Renato chegou ao Ninho do Urubu, reuniu o grupo e ordenou aos seu discípulos que jogassem à moda do português.

Quer dizer, então, que tudo se deve ao gênio de Jesus, um milagre? Nada disso, pois aí está Jesus sendo crucificado no Benfica, engasgado com os pastéis de Belém santificados pelas freiras reclusas do mundo.

Claro que não. Tanto Jesus quanto Renato apenas tiveram e têm o mérito de soltar as rédeas de um time composto por jogadores de alta qualidade técnica e impulso ofensivo embotado em seus companheiros de outros clubes por determinação de treinadores e mídia “estudiosos”. “modernos”, que vivem atados a um passado nebuloso, submissos a retrancas e seus eufemismos, sem mesmo ter ciência disso porque seu campo de estudos limita-se a meia dúzia de conceitos superados, todos conspirando contra a beleza do espetáculo.

Na noite desta quinta, pela Copa do Brasil, o Mengão massacrou o ABC, por 6 a 0, placar que, pelo volume de chances criadas, poderia ter sido o dobro.

Ah, mas o ABC é time de segunda e jogou como manda o figurino desfigurado da moda atual tupiniquim: todo mundo lá atrás, que ninguém é besta. Sabia decisão, pois levou só de meia dúzia.

É? E o São Paulo, campeão paulista; o Bahia, de tão digna campanha no Brasileirão… ora, me poupem.

Por sinal, pouco antes, o Fortaleza, de bela campanha no Brasileirão, bateu, o CRB, de virada, por 2 a 1, com dois gols de pênalti. Dito assim, até parece que os cearenses ficaram devendo. Pois, a exemplo, do Mengo, o Fortaleza jogou o tempo todo no campo adversário, sempre atuando em profundidade, e acumulou uma série de chances desperdiçadas pra atingir um placar condizente com o curso do jogo.

Apesar das trevas, sempre há um facho de luz cintilando lá adiante. Ainda bem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 comentários

  1. Helena, esse time atual do Flamengo está me trazendo a lembrança da seleção brasileira de 1982, com Sócrates, Zico e cia. Como vc bem sabe,foi nesse ano que houve uma das maiores tragédias do futebol brasileiro e mundial, a eliminação do Brasil da Copa do mundo perante a Itália. Jornalistas, críticos e os próprios jogadores do timaço comandado pelo Telê Santana na época, tentam encontrar resposta para a derrota por 3 a 2 que tirou a fantástica seleção do Brasil da luta pelo tetra campeonato mundial da Espanha. Então, como sempre falo, vamos devagar com o Santo que o andor é de barro, já que o Fla realmente está jogando um futebol fantástico nas mãos do Renato Gaúcho, mas até agora não ganhou nada, nem tão bem colocado no brasileirão está. Claro que os técnicos rivais estão observando a maneira como o Flamengo está jogando e a maneira mais certa de anular seu ataque, ora arrasador, mas que uma hora terá limites, já que nenhum time mantém 100% o tempo todo, vide o time também fantástico do Santos nos anos 60, que não raras vezes foi parado pelo Palmeiras, de Dudu e Ademir da Guia.Bem, mas nesse ponto concordo plenamente contigo, da gosto ver um time assim, que joga prá frente e dando espetáculo, não importa quanto esteja o placar e espero que continue assim pois vale a pena ficar duas horas no sofá em frente a TV assistindo o jogo, tomando um saboroso vinho tinto nesse friozinho, porque ninguém é de ferro !

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