Já pensou um Barça e Real brasileiro?

Foto: GABRIEL BOUYS / AFP

Depois da goleada inesperada do Barça sobre o Real, no El Classico, em que os catalães deram um show no primeiro tempo e os merengues reagiram no segundo, chegando próximo do empate, antes da disparada de gols, o que chamou a atenção foi o fato de que os seis tentos da partida foram executados por jogadores sul-americanos – o uruguaio Suárez (3), os brasileiros Marcelo e Coutinho e o chileno Vidal.

Prova de que os sul-americanos, sobretudo brasileiros, argentinos e uruguaios, continuam sendo uma prodigiosa usina de craques, que, infelizmente, partem em busca do El Dorado europeu à primeira chamada.

E por quê? Ora, porque os europeus são mais ricos e podem oferecer fortunas aos seus contratados. Não só isso: melhores condições de vida, reproduzidas e maior segurança pessoal dos cidadãos, melhor ensino, hábitos mais salutares, respeito à privacidade etc.

Tudo isso conta, claro. Mas, não é só isso.

Some-se a todos esses atrativos o fato de que aqui embaixo, cartolas, mídia e técnicos de futebol vivem há muito tempo enfiados na caixa da mediocridade, do pensar pequeno, com seus calendários absurdos, o que serve para os técnicos justificarem esse futebol pobre, sem graça, sem emoção, que nossos times sul-americanos exibem a cada semana.

Convido meu amigo a dar uma reviravolta na história e desembarcar na Espanha de Franco, lá pelos anos 50. A Espanha, então, era um atraso total. Não tinha sequer oficinas mecânicas capazes de cuidar dos últimos modelos ingleses, italianos e franceses. Multidões de espanhóis emigravam para a América em busca de um lugar ao sol.

Pois, já, então, Real e Barça eram duas potências internacionais, com jogadores importados dos principais centros futebolísticos do mundo. O Barça levou o húngaro Kubala, um craque extraordinário, segundo revela Evaristo de Macedo, um dos raros brasileiros que pra lá emigraram. O Real, então nem se fala: além do argentino Di Stefano, tido como o Messi e o CR7 da época juntos, o húngaro Kopa, o argentino Dominguez, o uruguaio Santamaria etc.

Isso não ocorria pelo poder econômico da Espanha, que era ralo, mas, sim, pela organização do futebol espanhol (no caso do Real, dizia-se que Franco dava uma força extra).

Mas, à parte isso tudo, me pergunto se esses jogadores atuais do Barça e do Real, acaso  ficassem por aqui, teriam proporcionado um espetáculo tão divertido e emocionante quanto o do jogo desta tarde.

Digamos que fosse um Corinthians e Palmeiras, um Flamengo e Vasco, um Grenal ou um Galo e Cruzeiro, com esses mesmos jogadores em campo, teríamos um espetáculo desse nível? Duvide-o-dó!

No que o Barça brasileiro tivesse marcado 2 a 0 no Real tupiniquim, o técnico teria mandado arrecuar os arfos e ficar lá defendendo a casinha até à morte.

Tó!, que, ao marcar 3 a 1, seguisse atacando o adversário até chegar aos 5 a 1 finais.

O que quero dizer: não se trata de questão de mais ou menos grana, mais ou menos craques afamados; trata-se de conceito, daquilo roxo, infelizmente, o que nos falta, de cabo a rabo.

Se um Palmeiras e Flamengo, por exemplo, times que possuem vários craques que estariam ou estarão em breve lá fazendo sucesso, tivessem sido orientados a se atirar ao jogo como os do Barça e Real, o resultado seria um belo espetáculo. Foi aquela pasmaceira de sempre.

Desgraçadamente, o criativo e alegre brasileiro cedeu seu lugar a um ser estupidificado, rancoroso, com medo de tudo. E olhe que o medo atrai o pior.

1 comentários

  1. Alberto Helena Jr.

    Pois é meu amigo Alberto Helena Jr. o futebol brasileiro parou no tempo e no espaço em termos de gestão de futebol estamos nas décadas de 40 e 50 na cabeça desses dirigentes, não só de clube mais de federações e confederação, em termos de gestão de futebol, a maioria dos dirigentes ainda pensando de forma amadoristica e numa visão muito pequena do que seja a administração do futebol, veja por exemplo a maioria dos clubes outrora grandes estão beirando a falência por culpa da visão míope desses dirigentes acima mencionados estamos anos de luz de atraso em termos de gestão de futebol em relação aos clubes europeus. Saudações palmeirenses..

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *