Felipão, Tite, Renato, Barbieri e o novo

Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

Felipão, que já assumira o Verdão através das instruções passadas a seu auxiliar Turra no empate com o Bahia, quarta-feira, agora é apresentado de corpo presente no Parque.

Há quem sustente que o veterano treinador está superado. Discordo: ele tem sido o mesmo desde que se iniciou lá nos Pampas, décadas atrás. Superado é o estilo de jogo por ele adotado desde então, quando era moço e pimpão: esse tal de futebol de resultado, plantado no conceito em que o toque de bola, o envolvimento, a ação ofensiva, o drible, o encanto do jogo da bola se resume em fechar a casinha e contragolpear o adversário quando possível.

Nesse sentido ele se insere jovialmente nesse universo atual do futebol brasileiro, com raríssimas exceções.

Quais exceções? Por exemplo – e não por acaso -, o Flamengo, líder do Brasileirão, dirigido por um jovem que dá claros sinais de lucidez, ao contrário de muitos de seus contemporâneos, ao armar sua equipe com um volante só, três meias e dois atacantes, o Barbieri. Assim como o Renato Gaúcho, nem velho, nem moço, nem estudioso, nem ignorante, apenas inteligente, que adota esse sistema, na esteira dos grandes times da Europa moderna – City, Bayern, Barça, Real etc.

(Sim, porque a questão é essa: não se distinguem os caras pela idade e sim pelo grau de inteligência deste ou daquele. Velho ou moço, há o inteligente como há o burro. O inteligente abre caminhos, o burro empaca.)

Não foi à toa que Grêmio e Flamengo protagonizaram um dos mais luminosos jogos deste sombrio futebol brasileiro atual, ainda na noite de quarta-feira. Assim, como prometem pra este sábado outro espetáculo de gala.

Essas considerações me remetem ao anúncio da CBF de que Tite fará nesta semana a convocação da Seleção Brasileira para dois amistosos próximos.

Espero que, neste período pós-Copa, Tite tenha meditado muito sobre essa questão vital – a formação do nosso meio-campo, desprendendo-se de vez da fórmula arcaica e nefasta dos dois volantes, que há tantos anos venho condenando, depois de tê-la aplaudida quando de sua implantação por Minelli no Inter de 1975, sobretudo quando formada por Batista, no lugar de Caçapava, e Falcão. Pra época, era uma novidade. Hoje, é uma sucata.

E que, sobretudo, Tite comece a apostar nos jovens valores, tipo David Neres, que tem arrasado na Holanda, Lucas Paquetá, Vinicius Jr., Artur, Pedro, do Flu, e, principalmente, Rafinha Alcântara, filho do Mazinho e irmão do Tiago, um meia-armador típico, canhoto, e a maior atração do Barça na tal Liga das Nações disputada nesta fase de preparação para os campeonatos europeus.

Pois, agora, abre-se a temporada de experiências para a nossa Seleção, ainda que não sejam alcançados os resultados desejados. O que importa é rejuvenescer alguns setores do time nacional. Mas, sobretudo, sair da caixa, testando novas formulações de jogo. Se não der certo, paciência, sempre se pode voltar ao feijão com arroz aguado e sem tempero atual.

 

7 comentários

      1. “Assim como o Renato Gaúcho, nem velho, nem moço, nem estudioso, nem ignorante, apenas inteligente, que adota esse sistema, na esteira dos grandes times da Europa moderna – City, Bayern, Barça, Real etc.”

        Se tivesse visto melhor, notaria que se refere ao Renato Carioca.

  1. Alberto Helena Jr.

    Pode ser até que táticamente os times do Felipão joguem de forma “superada” pela nova tendência do futebol moderno mais não vejo por exemplo até nos principais times do Brasil que algum se mova ofensivamente, de forma vertical, em direção ao gol, mesmo o Grêmio que tem um ataque diferenciado roda bastante a bola antes de definir a jogada, geralmente pelas laterais, então não vejo no futebol de hoje variação tática que permite dizer que treinador x ou y esteja superado, jogam de acordo com suas convicções, e neste ponto concordo com você Alberto prefiro o futebol com muito toque de bola jogado de forma vertical em direção ao gol, utilizando-se triangulações quer pela direita ou pela esquerda para abrir o centro da defesa adversária para a entrada em facão do centroavante ou jogador veloz que jogue pelos lados, seria o ideal mais nem sempre é possível pois como diz aquele profeta o Alcides “o medo de perder tira a vontade de ganhar” e olha que o profeta “tava” de cara limpa. Saudações palmeirenses.

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