O triângulo de Tite

Tite. (Foto: Vanderlei Almeida/AFP)
Tite. (Foto: Vanderlei Almeida/AFP)

Tite fala muito… sobre triangulações. E há quem considere isso um signo de modernidade.

Bem, de certa forma o é, se colocado no contexto do futebol que se pratica no Brasil há vinte anos – aquele que preconiza fechar a cozinha e rebater bolas pro ataque, à espera da tal segunda bola, outro chavão do nosso jogo.

Mas, na verdade, a triangulação é mais velha do que andar a pé. É a base do passe, essência do jogo.

Isto é: o jogador que está com a bola deverá sempre ter duas opções de passe à frente, formando assim três linhas imaginárias de um triângulo virtual.

Sempre foi assim, desde que meu xará dava voltas de balão em torno da Torre Eiffel.

E assim segue ao longo dos tempos, com uma única e genial quebra: a estabelecida por Rinus Mitchels na Seleção Holandesa de 74.

Exatamente por falta de condições físicas de seus atletas e pelas divisões entre jogadores de Amsterdã e Roterdã, as duas principais cidades holandeses, sedes de Ajax e Feynoord, Mitchels resolveu adotar um sistema baseado na necessidade de reduzir o tempo e o espaço da atuação de sua equipe.

O espaço se reduziu com o avanço da defesa, a chamada marcação alta hoje em dia, e a sistemática aplicação da lei do impedimento, quando o time todo atacava em bloco o armador adversário, deixando vários inimigos impedidos, E, no mesmo movimento, retomando a bola, partia em massa para o ataque.

E, quando de posse da bola, para ganhar tempo, eliminar a sobra na marcação inimiga e reduzir a imprecisão no passe, trocou a triangulação pela tal ciranda. Ou seja: o jogador com a bola, em vez de ter dois vértices para fazer o passe, em linha reta, era circundado por dois companheiros, que rodavam ao seu redor.

Dessa forma, acelerava o passe, sem preocupação com a exatidão, lançando a bola no vazio, o tal ponto futuro, pois um dos dois circundantes chegaria nela sem a marcação dobrada pela sobra. Ganhava-se, assim, espaço e tempo, dispensado-se a precisão no passe e eliminando  a marcação dobrada do adversário.

Isso, jamais havia sido feito antes, nem depois.

Por isso, aquela Seleção era chamada de Carrossel Holandês ou Laranja Mecânica.

O triângulo, só ali, virou um círculo, sugestão da volta do parafuso dos ciclos da vida, essa bichinha que vai e e vem e volta e tal e cousa e lousa e maripousa.

14 comentários

  1. Parabéns mister Alberto pela explicação. Entendo que quando os críticos da bola, por falta de conhecimento,, deixar de dar mais importância as questões táticas e científicas do futebol e ficar explorando os os problemas inclusive pessoas dos jogadores, nosso futebol tende a sucumbir e a noticia esportiva vai junto. está na hora de deixar de fazer um programas inteiro falando de um determinado problema de um jogador ou time e passar a falar sobre o que realmente interessa. a evolução do futebol, programas sadios. de conteúdo de forma que os torcedores de uma forma geral possa passar a entender melhor o mundo do futebol deixando de lado apenas o fanatismo pelo resultado.

  2. O Triângulo de Tite pode começar a adquirir formato de um Triângulo das Bermudas. Não tenho nada contra a pessoa do Tite um cara bem educado e honesto. O problema é que Tite como Dunga, Felipão, Mano Menezes, Celso Roth, são discípulos ortodoxos da velha escola gaúcha inspirada no futebol uruguaio. Não tem jeito, esse estilo de jogo não ´compatível com o nosso por vários motivos, até físicos e culturais. O sistema de jogo deles se baseia primeiro numa defesa e meio de campo fortes, e para eles a idéia de defesa e meio de campo fortes só funciona com jogadores pesadões. É só olhar quem passou por seus times. Gilberto Silva, Sandro, Rômulo, Eduardo Costa, Edinho, Paulo Almeida, Luiz Gustavo, Fernandinho, Felipe Melo, Paulinho, Casemiro, Denilson e vai por ai afora. Desses jogadores ai nenhum teve futuro nos times que jogaram. Micale agora mesmo desmistificou essa teoria com uma defesa e um meio de campo formado por jogadores habilidosos, leves e de toque de bola, ou seja, a essência do futebol brasileiro.

  3. Li um texto em que o Rinus Mitchels dizia que um dos motivos da seleção de 74 ter conseguido jogar daquele jeito, é porque dos 11 titulares, 7 tinham o QI acima da média.

    1. De acordo com o neuropsicólogo holandês Erik Matser da Universidade de Maastricht-Holanda,a diferença entre um jogador comum e um craque não é apenas a coodenação motora.Eles estão acima da média também em termos de memória e agilidade visual.Formar uma equipe com 6 ou 7 jogadores com estas habilidades é raro hoje em dia.As equipes dirigidas por Tite se carcterizam pela força do jogo coletivo,e atualmente na seleção o único craque é Neymar.Há também Marcelo que é considerado por muitos na Europa o melhor lateral esquerdo da atualidade e a jovem promessa Gabriel Jesus.Tudo indica que a filosofia de Tite continuará sendo a utilização das habilidades individuais para potencializar o espírito e o jogo coletivo.

  4. Na minha modesta opinião, o Tite foi vencedor no Corinthians porque tinha a Dupla Ralf e Paulinho e acho que está repetindo uma formação de volantes excelentes. Paulinho e Casemiro o coração e o pulmão da equipe, ainda que Neymar seja o cérebro.

  5. joao sardinha gostei do seu comentario e pra completar o brasil sempre ganhou com futebol muleque e hoje em dia midia esportiva mente ao dizer que o futebol mudou principalmente esse flavio prado que diz que o futebol europeu e melhor ee pra mim nem brasileiro e se fosse melhor nao buscaria de fora os campeonatos europeu jo de qualidade so os quatro primeiros de cima da tabela pq os de baixo naoda pra assistir e horrivel nao tem qualidade nenhuma o levane o jetafese jogar a serie c do brasileirao caipra quarta issi vc nao fala ne flavio prado os 7 a 1 todo mundo sabe a midia sempre quer enganar o povo mas hoje e diferente todo mundo sabe que tava vendido vcs isso nao fala o neimar nao teve contusao alguma era so pra preservalo depois que o galvao começou com essa de fenomeno o futebol brasileiro acabou todo mundo sabe ronaldo grande jogador mas teve 500 melhor que ele como pode um jogador ser tao bajulado nao sabia bater uma falta nao sabia cabeciar entao o futebol nosso uma grande parte de estar ruim e culpa da midia tanto os programas esportivo cito uns dos piores eo mesa redonda fica descutindo um lance quase meia hora e o telespequitador fica a ver navio falta de qualidade falta de respeito com que ta assistindo e pra fala tanto do barcelona mas eles nunca conseguiram montar um elenco igual do palmeiras parmalat e nem igual o do sao paulo de 92

  6. Parece que aqui no Blog perco de 10 x 0. Serei eu o filho do portuga do desfile do dia da Independência? Enquanto no desfile todos soldados batiam com o pé esquerdo à frente manoelzinho batia com o direito. Ai o pai virou pra mãe e disse: Maria que orgulho, todo batalhão marchando errado só nosso gajo está certo.
    O saudoso Chicão está para Casemiro assim como o saudoso Caçapava está Ralf é impressionante a semelhança física e futebolística dos 4 e outra coincidência que nenhum deles nunca ganhou nada.

  7. Diogo Olivier jornalista do SPORTV de Porto Alegre: “Roger do Gremio escalou treis volantes o time não defendeu e muito menos atacou. em consequência foi dominado pelo Botafogo o jogo inteiro” Ih Ih Ih! 10 x 1 para os postadores do Blog. Mais um treinador gáucho fechado com a escola uruguai de futebol. Mineli deve morrer de dar risadas.

  8. O Amigo da Onça: Criação Imortal de Péricles.

    Diretor do Náutico: Gallo o que aconteceu com o time?
    Gallo: Doutor o time tomou a direção errada.
    Diretor: Gallo você está mentindo teu time tava cheio de volantes. Teja demitido

    “Não faça do volante uma arma, a vítima pode ser você”

    Ih Ih Ih! 10 x 2 pros postadores do Blog

  9. Escutando os latidos dos cachorros da vizinhança ( caninos que são meus ídolos ), cheg0 a dominar as músicas do carro volante de levados a buscar barulhos demais, não é ?,João Sardinha !

  10. Helena, Oto Glória , antes ou concomitante a mitchels tentou implantar as triangulações na Lusa de Enéias, Dicá, Xaxá…

    1. E antes de Oto Glória,uma infinidade de outros técnicos, pois a triangulação sempre foi a base do jogo em conjunto, costurado pelo passe. O que Mitchels fez foi substituir o triângulo pelo círculo. O jogador que está com a bola, em vez de ficar num dos vértices do triângulo, fica no centro de um círculo formado pela circulação em torno dele dos outros dois jogadores (os que seriam os dois vértices do triângulo).
      Abraços

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